Visitantes indesejados

Moradores de cidades europeias protestam contra excesso de turistas
6 de agosto de 2024 em Edições Impressas, Internacional
Foto: Getty Images

No dia 6 de julho, milhares de moradores de Barcelona, na Espanha, foram às ruas da cidade protestar contra o turismo excessivo. Com placas que diziam, por exemplo, “turistas, voltem para casa” e pistolas de água para molhar os visitantes, eles demonstravam que não os queriam ali.

Barcelona recebeu, em 2023, mais de 85 milhões de turistas. Já Veneza, na Itália, foi visitada por 20 milhões. O grande número também é visto em diversas outras cidades da Europa. “Nesses destinos, principalmente em época de alta temporada, há um aumento dos preços em lojas, mercados e moradia. A região fica intransitável, atrapalhando a rotina de quem vive por lá”, afirma Jeanine Pires, especialista em turismo.

Se tantas pessoas na cidade é um pesadelo para os residentes, para a economia local o turismo é bem-vindo: ele é responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) da Europa. O aspecto econômico revela outra perspectiva sobre os visitantes, que trazem dinheiro, aumentam a arrecadação de impostos e geram empregos, principalmente no setor hoteleiro, no comércio e nos restaurantes.

Só virou um problema agora?

A chamada “turismofobia” (aversão a turistas) não é uma novidade, mas, nas últimas décadas, houve maior concentração de pessoas viajando para o mesmo lugar.

Para Jeanine, o avanço tecnológico é um dos maiores responsáveis pela lotação. Além de o turista ter mais acesso à informação e a passagens aéreas, os aplicativos de carona e as plataformas de locação de imóveis temporários democratizaram a estadia e a circulação de pessoas nas cidades turísticas. Essas localidades vêm adotando medidas para contornar os excessos. Barcelona proibiu aluguéis de imóveis de curto prazo a partir de novembro de 2028. Veneza passou a cobrar 5 euros (em torno de 30,6 reais) de quem visita o centro da cidade. Amsterdã, na Holanda, retirou o clássico letreiro “I amsterdam” da frente do museu Rijksmuseum por atrair um número enorme de turistas para tirar fotos.

“É preciso muito diálogo para encontrar soluções alternativas entre a comunidade local e o turismo. Existe uma máxima na área que diz que uma cidade é boa para o turismo quando é boa para o morador. Por isso eles precisam estar nas discussões”, diz Jeanine.

Fontes: BBC, O Globo, InfoMoney e G1.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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