Seca no Brasil impacta o ar – e o bolso – da população

Setores como o de alimentação, energia e saúde já pagam o preço da estiagem
8 de outubro de 2024 em Edições Impressas, Nacional
Efeito da estiagem no rio Tarumã-Açu, afluente do rio Negro, na comunidade Nossa Senhora de Fátima, no Amazonas. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil e Clóvis Miranda/Fotos Públicas

O Brasil vive a pior seca de sua história, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Além da ausência de chuvas, causada por diversos distúrbios climáticos mundiais, algumas localidades, como a Amazônia, o Pantanal e o estado de São Paulo, sofrem com queimadas, que pioram a qualidade do ar e prejudicam o solo dessas regiões.

Os prejuízos financeiros já começaram a ser contabilizados. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), as cidades brasileiras afetadas pelas queimadas tiveram prejuízo de 1,1 bilhão de reais entre janeiro e 16 de setembro de 2024 — isso é 33 vezes mais do que no mesmo período do ano passado. A estiagem, por sua vez, gerou perdas de 43 bilhões de reais. Em 2023, foram 31,8 bilhões. Confira os principais impactos.

Alimentos

O baixo volume de chuva afeta diretamente a produção agrícola e, consequentemente, o preço dos alimentos. “Há uma perda de parte da produção. Por exemplo, se um canavial pegou fogo e isso afetou a produção de cana, o preço do açúcar na prateleira do mercado deve ficar maior”, explica Carla Beni, economista e professora da Fundação Getulio Vargas. “Cerca de 70% do que a gente come vem do pequeno ou médio produtor. É preciso pensar em políticas públicas, como linhas de financiamento, que ajudem na irrigação dessas terras, para que eles sigam com seus negócios adiante e consigam reabastecer o mercado”, diz ela.

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a queda na produção de alimentos em decorrência de seca e queimadas vai provocar o aumento do preço de diversos alimentos, como o café, até o fim do ano.

Energia

Desde o dia 1º de outubro, a conta de luz ficou mais cara: entrou em vigor a bandeira vermelha nível 2, que representa uma cobrança extra de 7,87 reais a cada 100 kWh (quilowatt-hora) de energia elétrica consumido. O valor adicional é um efeito da falta de chuva.

Isso porque, atualmente, em torno de 50% da energia gerada no país é hidrelétrica (originada com a força das águas). Com a estiagem, os reservatórios das usinas ficam mais baixos, a ponto de não atender toda a demanda. Nessa situação, as agências de energia podem recorrer a fontes alternativas, como as usinas termelétricas (que produzem energia elétrica a partir da queima de combustíveis como gás natural e petróleo), que são mais caras. Para tentar cobrir os custos e conter o consumo excessivo, a tarifa cobrada da população tem acréscimo.

Saúde

Em setembro, a umidade relativa do ar em algumas regiões do Brasil chegou a 10%, distante do 60% considerado ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O fato levou milhares de brasileiros a emergências de hospitais e farmácias por problemas respiratórios.

“Há uma demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) muito grande, pois a população de baixa renda é a mais afetada”, explica Carla.

Para socorrer os cidadãos sem pressionar o sistema de saúde, o SUS precisa de verba extra para ampliar o atendimento e ter materiais suficientes disponíveis para os tratamentos, o que aumenta o custo do sistema e pode impactar os gastos do governo.

Fontes: Cemaden, Estadão, CNM, UOL e G1.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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