Ela tem 14 anos e 15 livros sobre educação financeira publicados — o primeiro foi lançado quando tinha 11 anos. Malu Lira, também conhecida como Malu Finanças, interessou-se por esse tema muito jovem, quando se mudou da cidade de Apuí, no interior do Amazonas, para a capital, Manaus. Os pais de Malu sempre a aconselharam a nunca gastar mais do que ganhava. Este foi o primeiro estímulo para que ela começasse a buscar formas de fazer uma renda extra com a venda de pulseiras, colares e bolos.
“Eu pegava esse dinheiro e colocava dentro de uma latinha de leite que fazia de cofrinho.” Disposta a fazer melhor uso do dinheiro, Malu começou a buscar informações na internet. Aprendeu muito com os grandes influencers e entendeu que faltava conteúdo feito para crianças. Foi aí que decidiu escrever os livros. Recém-chegada a São Paulo, para onde se mudou com a família, Malu concedeu uma entrevista para o TINO Econômico. Ela conversou com Larissa K., de 18 anos, aluna da Fundação Instituto de Educação de Barueri (Fieb) e integrante do Clube TINO.
O que te motivou a escrever sobre educação financeira tão jovem?
Eu já criava conteúdos sobre finanças para crianças desde os 9 anos, já tinha feito vários vídeos e postagens a respeito, mas sempre pensava em como trazer informação que conseguisse alcançar as crianças do interior, porque nasci no interior do Amazonas. Durante uma parte da minha vida, não tive acesso à internet, e eu sempre pensava: “Esses vídeos que eu estou fazendo em Manaus não vão chegar até o interior”. Isso me incentivou a querer escrever um livro que pudesse ser lido por quem não tem acesso à internet.
E qual foi o primeiro contato que você teve com finanças?
Eu comecei a entender que finanças não é apenas guardar dinheiro em um cofrinho quando mudei da cidade de Apuí, no interior do Amazonas, para a capital, Manaus. Eu passei a usar a internet. Lembro que o primeiro vídeo de finanças que eu vi foi da Nathalia Arcuri, do canal Me Poupe! A partir disso, fui pesquisando cada vez mais vídeos e livros e aprendendo.
Como começar a investir mesmo com pouco dinheiro?
Algo muito legal que eu indico é mandar o dinheiro para um investimento assim que você o recebe. Um problema das pessoas é que elas querem investir o que sobra no fim do mês. Só que nunca sobra, porque, quando o nosso cérebro vê aquela quantidade de dinheiro na conta, ele já pensa em todas as maneiras de gastá-lo. Por isso, muita gente, quando tem um acréscimo no salário ou começa a ganhar mais, tem a impressão de que o dinheiro não aumentou, porque não está vendo sobrar no fim do mês.
Você acha que é melhor investir em algo sem risco ou vale a pena correr mais riscos para ter um retorno maior?
Tudo depende. Há pessoas que normalmente têm essa vontade de se aventurar mais e outras, que não lidam bem com risco. É preciso entender a particularidade de cada uma. Se aplicarmos a mesma fórmula para todas, vai dar errado. O melhor é diversificar, variar entre a renda fixa e a variável. Quanto mais você diversifica, mais se protege.
Seus livros trazem dicas para jovens com pouco dinheiro disponível. Qual delas você priorizaria?
O que eu sempre falo para todo mundo é para ter sonhos, objetivos. As pessoas não imaginam o quanto isso ajuda. Porque se não damos um objetivo para o dinheiro, ele some. Quando começamos a falar sobre o futuro, é uma imagem muito distante, muito embaçada, e parece difícil justificar o sacrifício que você está fazendo no agora para algo que não consegue enxergar tão bem assim no depois. E, quando cria as metas, você começa a entender por que está fazendo isso e toma decisões mais conscientes.
Quais foram os maiores desafios para escrever livros infantis?
Foi não haver publicações sobre o tema para crianças nas quais eu pudesse me inspirar. Escrever para criança exige um cuidado especial, porque ela não tem um salário. Você não pode ensiná-la a administrar o salário entre aluguel e contas de casa. Tem que saber que há muitas coisas que a criança quer fazer, mas os pais podem não deixar. E o livro não pode desrespeitar essa autoridade.
Quais são suas metas para o futuro?
Quero continuar com o que eu estou fazendo e cursar a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, para fazer uma especialização em economia internacional, voltar para o Brasil e ajudar a enriquecer a nossa nação.
Tem planos de um próximo livro?
Estou escrevendo contos investigativos. São baseados no Sherlock Holmes, só que voltados para os mistérios das finanças, para ensinar que, às vezes, aquele dinheiro que sumiu do cofrinho não foi porque alguém roubou ou você perdeu, e sim porque talvez não tenha havido cuidado com ele, porque não se administrou bem ou não se acreditava que ter dinheiro era algo bom. Também estou escrevendo O Que Tinha Dentro da Latinha, para apresentar as notas do dinheiro às crianças. É um livro de rimas para ensinar que o dinheiro não é o fim, não é a coisa que se deve passar a vida perseguindo — ele é um meio, uma ferramenta para cuidar da nossa família.