Caros leitores e leitoras,
A capacidade de prever o futuro é um anseio que atravessa gerações e já inspirou diversos filmes nacionais e internacionais. No universo dos investimentos não é diferente. Quem nunca sonhou em dominar o mercado, comprando na baixa e vendendo na alta, navegando pelas oscilações com a precisão de um oráculo? Hoje, proponho uma reflexão sobre como podemos, sem recorrer a poderes mágicos, construir um patrimônio sólido com investimentos em ações, sempre respeitando nosso apetite ao risco e otimizando nossa energia na tomada de decisões.
A bolsa de valores brasileira evoca visões bem distintas entre os investidores. Alguns acreditam que é um verdadeiro cassino, um lugar de pura sorte e azar. Para outros, ela representa um complexo tabuleiro de projeções econômicas e cálculos matemáticos, quase uma ciência exata. Para mim, essa é uma das belezas desse mercado: ele é democrático e acolhe todos os pontos de vista, dos mais mirabolantes aos mais calculados. No fim do dia, os preços negociados são uma média das expectativas de todos esses tipos de investidores. Mas é fundamental entender que todos estão navegando num mar de incertezas e riscos. Diante disso, surgem algumas perguntas como: é melhor fazer day trade ou investir para o longo prazo? Qual o melhor momento para investir em ações?
Muitos gurus na internet tentam vender técnicas infalíveis para a especulação na bolsa. Movidos pelo desejo de acertar o momento exato de compra e venda, muitos investidores novatos acabam se aventurando na especulação de curto prazo, atraídos pela promessa de lucros rápidos. Entretanto, será que vale a pena? Segundo um estudo da Escola de Economia de São Paulo (Eesp), da Fundação Getulio Vargas (FGV), 97% das pessoas que tentam especular na bolsa perdem dinheiro. Sim, você leu certo: 97%! Isso acontece porque, no curto prazo, as oscilações são muitíssimo imprevisíveis. Por outro lado, investir para o longo prazo significa ter paciência e estratégia. No longo prazo, os investimentos têm tempo para crescer, amadurecer e as oscilações e volatilidades do curtíssimo prazo se tornam pouco relevantes.
Para ilustrar, compartilho uma experiência com três pessoas que começaram a investir no índice Ibov em 2004, cada um seguindo uma estratégia distinta:
– Arnaldo investiu mil reais todos os meses, no início de cada mês.
– Bernaldo investiu mil reais apenas se a bolsa tivesse caído no mês anterior. Se tivesse subido, ele guardava o dinheiro para investir no próximo mês de queda.
– Cernaldo, com sua bola de cristal, sabia antecipadamente se a bolsa ia subir ou cair no mês seguinte. Ele investia mil reais somente se soubesse que a bolsa ia subir, acumulando o dinheiro para o próximo aporte caso contrário (se Cernaldo tirasse o dinheiro todo, perderia esse poder).
Os patrimônios finais foram os seguintes: Arnaldo acumulou aproximadamente 551 mil reais, Bernaldo, 549 mil reais, e Cernaldo, 557 mil reais.
Reparem que, embora as estratégias de investimento fossem bastante distintas, o resultado foi surpreendentemente alinhado. Podemos concluir, então, que se você quer construir um patrimônio do zero na bolsa de valores, o mais importante é investir todos os meses, independentemente de a bolsa subir ou descer. Essa estratégia, ao longo do tempo, poupa energia e, se você investir mensalmente na melhor oportunidade que encontrar, mesmo que não seja no mesmo ativo, maximiza a relação patrimônio futuro/energia gasta no presente.
E agora, me conta: como você investe? Concorda comigo? Vamos seguir juntos na construção do nosso futuro, cada um no seu tempo e respeitando seu apetite a risco! Lembre-se que, para identificar as melhores oportunidades e entender os riscos que você está disposto a correr, o ideal é se manter sempre informado, estudando e aperfeiçoando continuamente sua educação financeira.
Um abraço e até a próxima!