Não é à toa que os jornais informam diariamente o preço do dólar. Saber a cotação da moeda é importante para a política monetária do país, pois ela orienta o valor de importações e exportações e demais investimentos internacionais.
Essa troca de moedas entre os países é chamada de câmbio. No Brasil, o que define o preço do dólar em reais é o mercado, por meio da oferta e procura pela moeda. Quando a procura é maior do que a oferta, o preço aumenta. Quando a oferta é maior do que a procura, o preço cai.
Influência geopolítica
Questões políticas e sociais também interferem no preço do dólar. Isso porque, por ser uma moeda forte, ele acaba sendo considerado um investimento mais seguro. Sendo assim, quando há determinada instabilidade no mundo, como uma crise econômica ou uma guerra, é natural que os investidores
deixem de fazer aplicações mais arriscadas para comprar dólar. Por isso, em momentos de instabilidade, é comum que um país veja o preço da moeda local se desvalorizar em relação ao dólar.
Como isso afeta o consumidor
Ainda que não compre dólar e não tenha intenção de viajar para o exterior, todo brasileiro é impactado pela taxa de câmbio. Afinal, muitos dos produtos consumidos no dia a dia são importados e, consequentemente, têm o preço impactado pelo dólar. Um dos itens mais emblemáticos é o pãozinho
que compramos na padaria. A maior parte do trigo usado na produção dos pães vem do exterior. Se o dólar sobe, fatalmente o preço do trigo também sobe, fazendo o pão ficar mais caro.
Os eletrônicos são outra categoria que também sofre forte influência do câmbio. Ainda que um celular seja fabricado no Brasil, os componentes internos são estrangeiros e vendidos em dólar. Logo, o preço do aparelho tende a acompanhar a alta do dólar.
Quem cuida do câmbio
Aqui, a política cambial é responsabilidade do Banco Central do Brasil. Diariamente, a entidade divulga o valor de compra e venda do dólar. Além disso, é o BCB que mantém as reservas internacionais, que funcionam como uma poupança do país em moeda estrangeira. O nível dessas reservas muda diariamente, em virtude do comércio constante do Brasil com outras nações. No dia 3 de novembro, elas estavam em US$ 323 bilhões, o que é considerado uma margem confortável.
Em momentos de turbulência econômica, o BCB pode comprar ou vender dólares para atenuar oscilações bruscas na taxa de câmbio. “Quando percebe alguma anormalidade, com demanda muito forte pelo dólar, o Banco Central pode despejar mais dólares no mercado e acalmar os investidores”, explica Walter Franco, professor de economia do Ibmec São Paulo.
FATORES QUE INTERFEREM NO AUMENTO DO PREÇO DO DÓLAR – Crescimento das importações, que são as compras de itens produzidos em outros países; – Instabilidade econômica, que pode fazer os investidores escolherem o dólar, considerado um investimento mais seguro. FATORES QUE INTERFEREM NA QUEDA DO PREÇO DO DÓLAR – Aumento das exportações, que são as vendas de produtos brasileiros para o exterior; – Investimento estrangeiro direto ou indireto, como a construção de uma fábrica ou compra de ações. |
Por que o dólar?
Todos os países precisam ter o valor de seu dinheiro local indexado ao dólar. Em outras palavras, toda moeda do planeta precisa ter um preço internacional definido em dólar. Mas por que o dólar norte-americano é a referência?
Essa determinação se deu em 1944, com o Acordo de Bretton Woods. À época, o mundo ainda vivia a Segunda Guerra Mundial e os Estados Unidos começavam a despontar como principal economia do planeta.
Até então, não havia um sistema financeiro internacional. As nações regiam a economia de maneira independente. A partir do acordo, todos os países foram obrigados a manter uma taxa de câmbio indexada ao dólar. No mesmo tratado foi definida a criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, entidades internacionais que controlam a economia.
Não seria mais fácil todos os países do mundo utilizarem a mesma moeda? João A., 15 anos “A taxa de câmbio, além de refletir a oferta e demanda por moedas, sinaliza dados importantes, como nível de gasto do governo, oferta de recursos e capacidade de produção dos diferentes países. Seria inviável ter uma única moeda para todos, porque isso dificultaria a comparação entre eles para orientar os investimentos, o que poderia gerar um desequilíbrio na economia mundial.” – Rodolfo Margato – Economista da XP |