Muitos sabem o que é inflação, mas não conhecem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Este é o indicador oficial para medir a variação de preços no Brasil. Criado em 1979, ele é calculado e divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1980.

Mas por que essa medição é importante? “Ao longo do tempo, os preços mudam. Portanto a quantidade de produtos que se pode comprar com determinada quantia varia. Os índices de preço ao consumidor nos ajudam a entender esse fenômeno do aumento ou da perda do poder de compra”, diz André Almeida, analista do IPCA/INPC, do IBGE.

Onde é feita a pesquisa

O IPCA revela a variação de preços em 11 regiões metropolitanas e cinco capitais. Confira no mapa.

O que é medido

O IBGE realiza de tempos em tempos a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), com o objetivo de verificar os itens que a população consome, o que pode incluir arroz, feijão, serviços de streaming, cabeleireiro e mensalidade escolar, por exemplo. Também avalia qual é o percentual da renda gasto com cada item consumido. A partir daí, é criada uma cesta de bens e serviços que servirá como referência para medir o sobe e desce dos preços.

Hoje, essa cesta tem mais de 377 itens, divididos em nove categorias:

ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS | ARTIGOS DE RESIDÊNCIA | CUIDADOS PESSOAIS | COMUNICAÇÃO | EDUCAÇÃO | HABITAÇÃO | SAÚDE | TRANSPORTES | VESTUÁRIO

Por que os números não batem

Há vezes em que vamos ao mercado e vemos os preços dos produtos subindo muito mais do que o índice de inflação informado pelos jornais. Por que isso acontece? Segundo o IBGE, a razão por trás disso é que a inflação divulgada é uma média dos preços. Enquanto o leite sobe, o valor da gasolina pode diminuir, assim, o índice vai refletir a média entre os preços que variaram positiva e negativamente.

Também pesa no cálculo a participação de cada item no orçamento das famílias. A gasolina ou os alimentos mais adquiridos, como arroz e feijão, costumam ter peso maior no cálculo quando comparados com chocolate, por exemplo. É isso o que causa a diferença entre o que se vê no noticiário e o que é sentido no bolso.

Em busca do índice de inflação

Como é feita a pesquisa para calcular a variação dos preços:

1. COLETA

Uma equipe do IBGE sai às ruas todos os meses para a coleta presencial. Outra parte do time faz a apuração das informações remotamente, por e-mail ou telefone.

Alguns preços são apurados com a ajuda de robôs, que entram em sites e coletam os dados relacionados.

Segundo o órgão, são coletados cerca de 550 mil preços, em mais de 30 mil locais. Ao longo do mês, são feitas quatro remessas de dados.

2. CHECAGEM

Os dados apurados são verificados por uma equipe de supervisores, para garantir que não haja erro na pesquisa. Em seguida, são enviados à coordenação central.

3. COMPILAÇÃO

Uma equipe centralizada na diretoria de pesquisa faz o tratamento e a compilação dos dados que chegam dos diferentes locais de apuração.

4. DIVULGAÇÃO

Feitos os cálculos, começa o processo de disseminação da informação.

Outros índices

O IPCA é o índice oficial de inflação, mas não é o único. Confira outros.

IGP-M

O Índice Geral de Preços – Mercado é calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e comumente usado para o reajuste de aluguéis.

INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor também é medido pelo IBGE, mas abrange a população que ganha até cinco salários mínimos. É usado como base para o reajuste do salário mínimo.

IPC

O Índice de Preços ao Consumidor é divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e mede a variação do custo de vida na cidade de São Paulo.

PERGUNTA PARA O ESPECIALISTA   Por que existem vários índices de inflação? Não seria melhor ter apenas um? BRUNA A., DE 16 ANOS   “Os institutos de pesquisa criam suas próprias metodologias a partir de estudos do comportamento da população para definir qual é o cidadão representativo para a sua medição. Como cada instituto tem um foco, são divulgados diferentes índices.” Alexandre Maluf, economista da XP