---

Há um ano, todo mundo se aproximava de uma tecnologia que já rondava sua rotina, ainda que mais discretamente: a inteligência artificial (IA). O ChatGPT, responsável por revolucionar o modo como interagimos com a IA e suas inovações, completa seu primeiro aniversário em 30 de novembro de 2023.

Com o ChatGPT, a IA passou de coadjuvante a protagonista da vida de 1,49 bilhão de usuários mensais. “A IA está presente há mais tempo do que o último ano. Mas estava transparente, não tinha a interação direta”, afirma Alexandre Mello Ferreira, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para os acadêmicos, esses modelos de linguagem já eram conhecidos. No dia a dia do público em geral, a IA aparecia, por exemplo, na recomendação de filmes e séries em plataformas de streaming ou notícias nas redes sociais. “A grande novidade do ChatGPT foi colocar isso em um formato de website que qualquer um pode usar. Isso foi uma revolução”, diz Ferreira.

Os avanços

Nos últimos meses, o ChatGPT ganhou atualizações e uma versão paga que oferece ainda mais ferramentas, como pesquisa e geração de imagens. Mas, para além das inovações da plataforma, os avanços do setor nesse período foram significativos.

Segundo pesquisa da consultoria McKinsey, a IA generativa (que engloba os bots) pode movimentar de 2,6 trilhões a 4,4 trilhões de dólares (cerca de 13,1 a 22 trilhões de reais) por ano na economia mundial. “A ciência depende muito de investimentos e, com a popularização a partir do ChatGPT, os valores para a área aumentaram. Agora temos mais pessoas desenvolvendo o setor muito mais rapidamente”, ressalta Ferreira.

Os problemas

Como toda revolução, há um período de adaptação. “A sociedade não consegue aprender e mudar na mesma velocidade da tecnologia”, diz o especialista. Como se trata de um recurso acessível para todos, pode ser utilizado para fins prejudicais, como criação de fake news e imagens falsas.

Por isso, a qualidade dos dados fornecidos é uma preocupação dos especialistas, visto que o ChatGPT é capaz de reproduzir tudo o que está em seu banco de dados, sem distinguir preconceitos ou outros vieses.

A expectativa, no entanto, é de que a tecnologia continue evoluindo. “Ainda teremos um longo caminho de descobertas que é impossível prever. Em 2017, quando surgiram os transformers (um modelo de software de tradução automática com outras inúmeras aplicações inovadoras), ninguém imaginava que estávamos perto de descobrir um mecanismo revolucionário como o ChatGPT”, finaliza o pesquisador da Unicamp.

Concorrência

Com o sucesso do ChatGPT, surgiram outros serviços semelhantes:

• Bing Chat: criado pela Microsoft, o chatbot utiliza o mesmo modelo de linguagem do ChatGPT em sua versão mais atualizada e é gratuito.

• Bard: o chatbot do Google acessa as informações na plataforma de pesquisa, portanto está sempre atualizado.

• Chatsonic: desenvolvido pela Writesonic, utiliza a base de dados do Google, apresenta as fontes das informações fornecidas e possui comando de voz.

• Meta AI: ainda em fase piloto, o bot da Meta promete integrar as redes sociais, conversar com os usuários e gerar imagens.

Fontes: OpenAI, Similarweb, Associação Brasileira das Empresas de Software, Forbes e McKinsey.