Há quatro dias, o Banco Central (BC) vem realizando leilões de dólares para tentar conter a valorização da moeda norte-americana, que chegou a valer 6,20 reais. Somente no dia 17 de dezembro, foram realizados dois leilões, que venderam 3,287 bilhões de dólares.
Como funcionam esses leilões e por que eles seguram o câmbio? Para ter essas repostas, conversamos com Rodolfo Olivo, professor da FIA Business School. “A intenção do Banco Central com os leilões não é controlar o câmbio, é diminuir a volatilidade”, afirmou.
Nesses leilões, o BC vende dólares diretamente ao mercado, retirando reais da economia. A oferta de dólares tem o objetivo de aumentar a oferta da moeda estrangeira, reduzindo a pressão de alta sobre a cotação.
Por que o dólar subiu tanto?
A forte valorização do dólar nas últimas semanas reflete as preocupações com o desequilíbrio fiscal do Brasil. A percepção do mercado financeiro de que a dívida pública pode sair de controle aumenta a desconfiança do investidor estrangeiro e local, que passa a buscar ativos mais seguros, como o dólar.
O risco de fazer esse tipo de operação é comprometer as reservas de dólar que o país possui. “As reservas internacionais são uma espécie de caixa em dólar que o BC tem. Esse dinheiro fica aplicado em bancos internacionais. Quando o BC vende, aumenta a quantidade de dólar disponível. Com mais dólar disponível, o preço tende a cair”, afirma o professor.
Segundo o site do BC, as reservas internacionais brasileiras totalizavam 362 bilhões de dólares no dia 13.
Os leilões, no entanto, são uma estratégia paliativa e não uma solução definitiva para a desvalorização cambial. O preço do dólar depende também de fatores externos e internos, como a política fiscal, a confiança dos investidores e o cenário global.