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O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou, em 13 de fevereiro, a imposição de tarifas de reciprocidade com todas as nações que fazem negócios com o país.
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Na prática, isso significa que, se um país tem um imposto de importação maior do que o cobrado pelos EUA, passará a pagar uma tarifa maior, para que os dois lados paguem um valor equivalente.
Como exemplo, o documento apresentado pelos norte-americanos citou o etanol brasileiro. Os EUA cobram uma tarifa de 2,5% sobre este produto, enquanto o Brasil impõe uma taxa de 18% sobre o etanol dos EUA que entra no país. “Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de 200 milhões de dólares em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas 52 milhões para o Brasil”, afirma o memorando norte-americano.
Durante a entrevista coletiva após o anúncio, Trump afirmou que a nova medida tem como objetivo “equilibrar o jogo” e permitir que os produtos dos EUA tenham melhores condições de concorrência nos mercados internacionais.
A previsão é de que algumas tarifas entrem em vigor nas próximas semanas, com prioridade para países que mantêm os maiores déficits comerciais com os EUA. A Casa Branca descreveu o déficit comercial norte-americano como uma “ameaça à segurança nacional”, o que pode permitir a implantação das tarifas sem necessidade de aprovação do Congresso.
Além do Brasil, a União Europeia e a Índia foram apontadas como exemplos de parceiros comerciais que poderiam ser afetados. Segundo a Casa Branca, a tarifa média norte-americana sobre produtos agropecuários é de 5%, enquanto a Índia impõe uma taxa média de 39% sobre itens do mesmo setor. Outro caso citado foi do setor automotivo: os EUA cobram 2,5% sobre veículos importados, enquanto a União Europeia impõe uma taxa de 10%.
Caso as tarifas de importação sobre o etanol brasileiro aumentem, isso poderia reduzir a competitividade do produto nos EUA, impactando diretamente exportadores brasileiros.
O Brasil poderá ser pressionado a revisar suas tarifas para evitar retaliação, mas a decisão também levanta preocupações sobre uma possível escalada de disputas comerciais. No passado, medidas semelhantes resultaram em tensões diplomáticas e acordos comerciais revisados sob forte pressão.
A longo prazo, as tarifas recíprocas podem impactar também o fluxo comercial global, com países buscando alternativas para mitigar as barreiras impostas pelos EUA.