JURO É UMA REMUNERAÇÃO cobrada pelo empréstimo de determinada quantia ou oferecida em uma aplicação financeira. Ele é definido com base na política monetária dos países. Aqui no Brasil, o indicador que determina a taxa básica de juros é a Selic. Ela é o nosso instrumento econômico para reduzir a infl ação e manter a estabilidade da economia. Quando a taxa de juros aumenta, ela inibe o consumo, porque deixa o custo de crédito mais alto. Ou seja, as prestações da geladeira, do computador ou do carro fi cam mais caras e as aplicações financeiras se tornam mais atrativas para os investidores interessados em poupar. Assim, quem tem dinheiro pode preferir deixar rendendo no banco em vez de gastar. Com menos gente disposta a comprar, há menos dinheiro circulando no mercado, o que estimula a queda dos preços. O contrário também é válido: quanto menor o juro, mais as pessoas consomem, o que pode aumentar a inflação.
Quem define a Selic
No Brasil o órgão que estabelece a taxa de juros é o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central. A cada 45 dias, o grupo se reúne para decidir a nova taxa de juros que guiará a economia do país.
Por ser a taxa básica de juros do Brasil, a Selic determina o rendimento dos títulos públicos. Esses títulos são papéis emitidos pelo governo para financiar seu crescimento, sendo considerados os investimentos mais seguros do país, porque são mais garantidos e podem ser revendidos com facilidade, isto é, têm mais liquidez.
Como é mais seguro, o juro que o governo paga pela compra de seus títulos é considerado um piso (patamar mínimo) para todo o mercado financeiro. Ou seja, qualquer outro investimento, como CDB, precisa oferecer um juro maior do que esse para ser atrativo. Por isso, quando o governo anuncia o aumento da Selic, bancos e corretoras também elevam os juros, tanto de aplicações como de
empréstimos.
O outro lado
O efeito colateral do aumento do juro é que fica mais caro para as indústrias investir em produção, maquinário e inovação. E se elas não investem em crescimento, podem se tornar menos competitivas, inibindo o progresso do país.
Por isso o aumento e a queda da Taxa Selic precisam ser bem pensados para estar sempre no ponto certo, ou seja, não prejudicar o crescimento nem estimular o aumento da inflação.
Hoje, a Selic está em 13,75% ao ano. É um índice considerado alto, mas, segundo o Copom, foi necessário para frear a inflação, que registrou alta após a pandemia. Na ata após a reunião realizada em 21 de setembro, o Copom não mexeu na taxa e divulgou: “Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados (…) caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”. Isso pode ser entendido como uma tendência de manter a taxa no patamar em que está, contudo, se a inflação voltar, novos aumentos podem ser realizados.
Glossário
INFLAÇÃO − Nome dado ao aumento de preços de produtos e serviços. Há vários órgãos que medem a inflação. O indicador oficial do Brasil é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
COPOM − O Comitê de Política Monetária é um grupo do Banco Central do Brasil. Ele é formado por chefes de departamento que têm a responsabilidade de definir a taxa básica de juros do país levando em conta a inflação, as contas públicas, a atividade econômica e o cenário externo.
TÍTULOS PÚBLICOS − Títulos públicos são documentos emitidos pelo governo que têm um valor definido e servem para captar recursos, como o Tesouro Direto. Com eles, o governo pega dinheiro “emprestado” de pessoas, empresas e outros governos para financiar suas atividades e promete devolver a quantia com um juro — no caso do Brasil, esse juro é determinado pela Selic.
CDB − Sigla de Certificado de Depósito Bancário. Este é um tipo de investimento de renda fixa (com rendimento estabelecido no ato da aplicação). Os bancos emitem um título com o juro já determinado e oferecem aos clientes.
Pergunta para o especialista
Existe uma taxa de juros única para todos os países? – João Guilherme S., 16 anos
“Não existe uma taxa de juros única. Cada nação tem a própria, e isso é muito importante porque cada economia tem particularidades que precisam ser levadas em conta na definição da taxa de juros.
Quando a economia está bem em um lugar, pode não estar em outro, sendo assim, não é possível unificar a taxa. Economias mais fortes tendem a ter juros mais baixos, já que oferecem menos risco ao investidor.”
Tatiana Nogueira – economista da XP