O Ocidente contra o carro elétrico chinês

Depois de Estados Unidos e União Europeia, o Canadá é mais um país a impor uma tarifa maior de imposto sobre a importação dos carros elétricos da China
3 de setembro de 2024 em Edições Impressas, Internacional
Linha de produção da BYD, fabricante de carros elétricos, em Shenzhen, Guangdong, na China

A partir 1º de outubro, os carros elétricos que entrarem no Canadá terão de pagar 100% de imposto de importação. A medida vinha sendo estudada desde julho e segue uma decisão dos Estados Unidos, que já vêm adotando essa tarifa há meses. A Europa também acompanha o movimento, impondo uma taxação de 48% sobre os carros elétricos chineses desde junho.

A justificativa dos países ocidentais é de que a China está praticando dumping, ou seja, vendendo carros elétricos no mercado externo a preços abaixo do custo de produção local, em razão dos subsídios bancados por Pequim. “Essa prática é vista como uma competição desleal, pois os produtos chineses chegam ao mercado ocidental com preços que não refletem os custos reais, em consequência dos subsídios do governo chinês”, explica Alexandre Pires, professor do Ibmec SP.

O dumping é uma prática comercial considerada desonesta, pois pode levar à distorção do mercado, enfraquecendo a concorrência e potencialmente resultando em monopólios. Essa manobra costuma ser utilizada para ganhar participação de mercado no exterior, ao tornar os produtos mais competitivos em termos de preço e, muitas vezes, prejudicando os fabricantes locais, que não conseguem concorrer com os baixos valores.

Para se defender contra essa estratégia, a possibilidade que os países têm em mão é adotar medidas antidumping, como tarifas e impostos adicionais, para proteger a indústria nacional.

A resposta chinesa

A embaixada da China em Ottawa contra-atacou, chamando a decisão canadense de um “ato típico de protecionismo comercial e dominação política”, em desacordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, declarou que a China tomará todas as medidas necessárias para proteger seus interesses econômicos.

Geoeconomia

Segundo Pires, a entrada massiva de veículos elétricos chineses no mercado global é um exemplo de como a geoeconomia está substituindo a geopolítica nas relações internacionais. Enquanto a geopolítica usa a geografia e a política como ferramentas de poder, a geoeconomia utiliza transações comerciais, investimentos e sanções.

No cenário atual, as barreiras comerciais só devem aumentar. “O divórcio entre China e Estados Unidos é o maior sintoma dessa nova era de separação econômica global”, afirma o professor.

Fontes: Valor Econômico, Estadão e O Globo.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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