A Organização das Nações Unidas divulgou, no dia 27 de março, um relatório mostrando o impacto do desperdício de alimentos em todo o mundo — e no Brasil. Produzido com dados de 2022, pelo Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (Pnuma), o índice de desperdício das casas brasileiras é estimado em 94 quilos de comida por pessoa, anualmente.
Um estudo-piloto realizado com apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 2023, e destacado no relatório, trouxe número semelhante: em média, por ano, 77 quilos de alimentos são jogados fora por pessoa nos domicílios cariocas. A maior parte desse resíduo é composta por frutas e verduras (62%), seguidas de pães (16%), carnes (11%) e leites e derivados (11%). O relatório aponta que os números do Brasil podem estar subestimados, já que o país ainda não dispõe de uma metodologia de medição do desperdício consolidada.
O desperdício no mundo
A realidade brasileira não é diferente do resto do mundo. Globalmente, mais de um bilhão de refeições por dia são jogadas fora, o equivalente a 132 quilos de comida desperdiçada por pessoa. Para ter ideia do quanto isso é grave, basta pensar em quantos gramas de comida em média um adulto costuma consumir em uma ida a um restaurante por quilo.
Do total de alimentos desperdiçados em 2022, 60% se deu no âmbito doméstico. Serviços de alimentação (restaurantes, bares e lanchonetes) geraram 28% e o varejo (mercados e feiras), 12%.
Esses dados impressionam quando comparados com o número de pessoas que passam fome no mundo. Em 2022, 783 milhões de habitantes foram afetados pela fome e um terço da humanidade enfrentava situação de insegurança alimentar (quando não há consumo suficiente de comida), de acordo com o levantamento.
Perder comida tem alto custo. Os cálculos dos pesquisadores da ONU apontam para uma perda de um trilhão de dólares (algo em torno de 5 trilhões de reais) para a economia global.
De acordo com outras pesquisas recentes, a perda e o desperdício de comida geram de 8% a 10% das emissões globais de Gases de Efeito Estufa (GEEs) — quase cinco vezes mais do que a indústria de aviação, por exemplo. Além disso, representa uma perda significativa de biodiversidade ao utilizar o equivalente a quase um terço das terras agrícolas do mundo.
Consumo consciente
“Os números de desperdício no Brasil e no mundo são alarmantes para os países, que precisam melhorar as políticas de acompanhamento e redução do desperdício, e também para cada cidadão, que pode desenvolver hábitos de consumo consciente de alimentos”, afirma Bruno Yamanaka, especialista de conteúdos do Instituto Akatu.
A entidade produziu um guia de consumo consciente que traz dicas de como evitar o desperdício — e economizar — desde o momento da escolha dos alimentos. Veja algumas ao lado e confira o guia em: www.akatu.org.br/alimentos/.
Fontes: Valor Econômico, Forbes e Pnuma.