Em 21 de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central do Brasil, decidiu manter a Taxa Selic em 13,75%. É a oitava vez que o grupo decide pela permanência.
A decisão divide opiniões. De um lado há os que acreditam que a decisão do BC está correta, pois a inflação ainda não está totalmente controlada. Apesar de a inflação ter desacelerado mais do que o esperado em maio — o IPCA desse mês fechou em 0,23% — o acumulado nos últimos 12 meses está em 3,94%, ainda acima da meta definida pela autoridade monetária, que é de 3,25%. Do outro lado estão os que defendem que o juro precisa cair para estimular o crescimento econômico.
Entre os defensores da manutenção do juro no nível atual, a voz mais destacada é a do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Já entre os quem pedem uma redução da Selic estão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O porquê da polêmica
Mas por que essa decisão sobre a taxa de juro tem gerado tanta polêmica? A resposta está na importância que a estabilidade financeira tem para o crescimento da economia e o aumento da capacidade de compra da população.
Com inflação alta, os preços sobem de modo descontrolado, afetando principalmente os mais pobres, que usam grande parte do salário para a aquisição de produtos de primeira necessidade. As empresas também perdem, pois, sem estabilidade, torna-se difícil fazer planos de investimento para longo prazo, o que freia as contratações e pode aumentar a taxa de desemprego.
O instrumento econômico para manter a inflação baixa é o aumento da taxa de juro. Isso porque o juro alto tende a inibir o consumo, já que fica mais caro fazer empréstimo e as parcelas da compra de uma geladeira, por exemplo, ficam mais caras. Se o consumidor não compra, os preços tendem a cair. Falamos sobre isso com mais detalhe na reportagem sobre a Taxa Selic (lembre aqui).
Para ajudá-lo a entender melhor o porquê dessa discussão, o TINO Econômico preparou uma tabelinha com algumas consequências econômicas de cada um dos cenários: juros baixos, juros altos, inflação baixa e inflação alta. Analisando cada um dos itens, é possível entender a importância da decisão do Copom para a economia do Brasil. Confira.
Taxa de juro
JURO ALTO | JURO BAIXO |
Mais caro para emprestar dinheiro | Mais barato para emprestar dinheiro |
Encarece o investimento de empresas em bens de capital | Facilita o investimento das empresas em maquinário e novas tecnologias |
Inibe o consumo | Estimula o consumo |
Segura o crescimento econômico | Estimula o crescimento econômico |
Inflação
INFLAÇÃO ALTA | INFLAÇÃO BAIXA |
Inibe o consumo devido à alta dos preços | Estimula o consumo em virtude da estabilidade dos preços |
Atrapalha o planejamento dos negócios pela falta de previsibilidade dos preços | Incentiva investimentos de longo prazo das indústrias |
Afeta a estabilidade econômica, prejudicando toda a população | Traz estabilidade econômica, o que colabora com o crescimento do país |