Em 21,6 milhões de lares (27,6% dos domicílios) do Brasil as famílias vivem em situação de insegurança alimentar. Isso significa que esses brasileiros ou não têm certeza se terão acesso a alimentos diariamente ou poderão ficar um ou mais dias da semana sem ter o que comer.
Esses números são do módulo “Segurança alimentar”, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo revela que 14,3 milhões dos lares sofrem com insegurança alimentar leve, 4,2 milhões com insegurança alimentar moderada e 3,2 milhões com insegurança alimentar grave.
A proporção de domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave, hoje em 9,4%, recuou 3,3 pontos percentuais em relação a 2018 (12,7%), mas ainda está 1,6 ponto percentual acima da Pnad 2013 (7,8%).
Desigualdade
Em metade dos domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave, o rendimento da família era inferior a meio salário mínimo, ou seja, menos de 700 reais.
No outro extremo da escala social está 1% da população, que detém 63% da riqueza do país, segundo a Oxfam, rede de 20 organizações que lutam para combater a pobreza. De acordo com a entidade, 0,01% da população do país é proprietária de 27% dos ativos financeiros.
Essa desigualdade não é exclusiva do Brasil — em todo o mundo o quadro é o mesmo. Enquanto a fortuna dos cinco homens mais ricos do globo dobrou desde 2020, cerca de 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres, afirma a Oxfam.
Contra a desigualdade, impostos
Uma das sugestões para diminuir a concentração de renda é fazer com que os chamados super-ricos paguem mais impostos. A proposta veio dos próprios abastados, no movimento Proud to Pay More (“orgulho de pagar mais”, em tradução livre). No Fórum Econômico Mundial, 250 milionários e bilionários, de 17 países, afirmaram em carta aberta que estavam dispostos a pagar mais tributos.
Segundo eles, a maior taxação não abalaria suas fortunas e seria um modo de impactar o futuro democrático comum, com mais educação, saúde e infraestrutura para todos. A iniciativa teve coro em muitos países, incluindo o Brasil, mas ainda não há uma proposta concreta ou um projeto de lei que regule a questão.
INSEGURANÇA ALIMENTAR É DIFERENTE DE FOME
Apesar de parecidos, os conceitos de fome e insegurança alimentar são diferentes. Fome é a privação crônica de alimentos, ou seja, é não ter acesso a eles. Insegurança alimentar é a redução do acesso. Ela pode ser de três níveis:
Fontes: Jornal da USP, IBGE, Folha de S.Paulo, Poder360 e Agência Brasil.