Inteligente por quê?
Como explica Pedro Burgos, coordenador do Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo, do Insper, a definição de “inteligente” vem sendo moldada ao longo da história. Numa era pré-Google, inteligente era quem conseguia reter informações melhor — a “enciclopédia ambulante”. Depois, tornou-se aquele que fazia conexões entre informações existentes.
Agora, com ferramentas como o ChatGPT, ele sugere que inteligente será quem melhor soluciona problemas e filtra informações por meio do ajuste de comandos e refinamento das respostas da inteligência artificial (IA).
Em breve, o acesso à IA vai fazer com que professores exijam mais de alunos, como fazem com problemas de matemática em que se pode usar a calculadora. Burgos menciona um exemplo em que estudantes de determinada disciplina antes tinham que descrever como uma política pública lidaria com diferentes grupos. Agora, eles têm de ir além: mapear os agentes envolvidos e desenhar a estratégia e a comunicação.
Burgos também faz uma provocação sobre a definição de “interações”. A série South Park lançou um episódio em que um personagem utiliza o ChatGPT para seduzir uma garota e tem sucesso com as mensagens perfeitinhas. Porém, se essas mensagens padronizadas se tornarem o novo método de conquista, será que vamos passar a valorizar o conteúdo imperfeito, assim como agora fazemos com frutas sem agrotóxicos?
