Você costuma comprar sem controle? Adquire roupas ou sapatos que jamais chega a usar? Esse tipo de comportamento é uma das principais razões para nossa vida financeira ficar fora dos trilhos. Estudando esse tema há muitos anos, Thiago Godoy, especialista em educação financeira da Rico, escreveu o livro Emoções Financeiras, no qual ensina os leitores a se conhecer melhor para gastar e investir com mais consciência.
Ele conversou sobre o livro e educação financeira com Daniela S., de 16 anos, aluna da 2ª série do ensino médio integrado da unidade Engenho Novo da Fundação Instituto de Educação de Barueri (Fieb). A seguir, um trecho da conversa.
Você acha que é possível se tornar rico ou alcançar uma boa estabilidade financeira começando do zero?
Sim, acredito. E para isso a pessoa precisa ter três atitudes: a primeira é fazer dinheiro, pensar em aumentar o valor da sua hora, o seu potencial de ganho. Isso significa investir na profissão, em curso, educação para acelerar seu potencial de ganhar dinheiro para o resto da vida. A segunda atitude é manter como regra sempre poupar uma parte da sua renda, como um hábito. E a terceira é usar o dinheiro que você poupa para fazê-lo girar, ou seja, investir. Mas é tudo muito relativo. Existem pessoas que têm menos dinheiro, mas são ricas porque conseguem viver com a renda passiva e equilibrar os gastos. Outras têm muito dinheiro, mas não conseguem, vão à falência porque gastam mais do que ganham.
No livro Emoções Financeiras você aborda as questões comportamentais e emocionais relacionadas ao desequilíbrio financeiro. Poderia falar sobre como isso nos afeta?
No livro eu trago bastante a psicologia do dinheiro e a inteligência emocional. Toda decisão que a gente toma tem uma origem emocional, ela não é racional. Então, quando a gente vai usar o dinheiro, comprar algo, fazer uma viagem, tem uma base emocional. A pessoa quer parar de gastar dinheiro, mas não consegue, porque não percebe a origem. No livro eu abordo metodologias e exercícios para o indivíduo se conhecer.
Pode falar um pouco sobre essa metodologia?
O primeiro passo é o autoconhecimento. Entender por que você toma determinada decisão para aí conseguir começar a mudar a origem, a causa, o sintoma. O segundo é a autorresponsabilidade. Todo o problema que você tem a culpa é sua, e precisa partir de você a motivação para fazer diferente. E o terceiro passo é o autocontrole, porque todo plano que você fizer, por mais bonito que fique, vai ter um sabotador, que é a sua falta de autocontrole. Se você deixou de comer o brigadeiro hoje, não significa que deixará de comê-lo amanhã. Se estiver emocionalmente mais abalada, a chance de comer o brigadeiro é mais alta.
Como isso funciona para o dinheiro?
Se você almoçar no shopping, vai aumentar muito a probabilidade de gastar dinheiro com besteira, porque vai estar perto das lojas, é simples assim. Então não se sabote, faça o dever de casa, o feijão com arroz bem-feito, que é tirar da sua frente o brigadeiro, a oportunidade de gastar o dinheiro de modo errado. Como é que você faz isso na prática? Pega o dinheiro e separa, força-se a poupar uma parte. Aí você está livre para gastar o restante como quiser.
Mas como ficam as pessoas cuja renda mal dá para comer?
Essa pessoa precisa focar em aumentar a capacidade do fluxo dela de ganhar, de fazer dinheiro. Executar trabalho extra, tentar investir na educação, em algo para aumentar a renda.
Quais são as estratégias que você utiliza para tornar a educação financeira mais acessível?
Quando você simplifica, toma melhores decisões, porque tira a névoa de poluição que o impede de enxergar. Nas finanças é assim. Quando você tem vários cartões de crédito, várias contas em bancos diferentes, sua vida é mais difícil. Você tem que ter um cartão de crédito e não parcelar tudo — espere para trocar a geladeira quando tiver dinheiro.
Qual dica você dá para alguém que está recebendo o primeiro salário?
Se eu estivesse iniciando minha vida financeira agora, separaria 10% da minha renda e investiria. Você pode começar com 30 reais, 20 reais, e investir em Tesouro Selic, renda fixa, é muito simples.
Qual é o impacto que você espera gerar à vida das pessoas com sua atuação como educador financeiro?
Espero que o dinheiro seja de fato uma ferramenta de transformação positiva e que as pessoas consigam aprender a usá-lo de modo inteligente e possam realizar seus sonhos, melhorar de vida e ter mais prosperidade.