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A riqueza dos bilionários ao redor do mundo cresceu três vezes mais rapidamente em 2024 do que no ano anterior, segundo relatório divulgado pela organização não governamental Oxfam no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. Ao todo, os 2.769 bilionários acumulam um aumento de 2 trilhões de dólares (em torno de 12 trilhões de reais) em sua fortuna, enquanto a desigualdade global se intensifica.
Em 2024, o mundo ganhou 204 novos bilionários, o equivalente a quase quatro por semana. O ritmo acelerado de acúmulo de riqueza levou a organização a revisar suas projeções sobre o surgimento dos primeiros trilionários. Agora, estima-se que pelo menos cinco pessoas ultrapassem essa marca histórica nos próximos cinco anos. A previsão anterior era de que haveria apenas um trilionário até o fim da década.
Pobreza extrema
Apesar de avanços no combate à desigualdade, o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza extrema permanece o mesmo desde 1990, totalizando cerca de 3,6 bilhões de pessoas, segundo dados do Banco Mundial citados pela Oxfam.
Outro dado alarmante do relatório é que 36% das fortunas dos bilionários têm origem em heranças. A Oxfam aponta que isso fomenta uma nova aristocracia global, com mais de 5,2 trilhões de dólares (31 trilhões de reais) previstos para serem transferidos como herança nos próximos 30 anos para descendentes de apenas mil bilionários. Essa concentração é particularmente evidente na América Latina, onde apenas nove países tributam heranças, doações e patrimônios.
Diferenças entre hemisférios norte e sul
A disparidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento também foi destacada no relatório. A maior parte dos bilionários (68%) está concentrada em nações ricas do hemisfério norte, que controlam 69% da riqueza global, apesar de abrigar apenas 21% da população mundial. Em 2023, o 1% mais rico desses países retirou 30 milhões de dólares (180 milhões de reais) por hora de nações de baixa e média renda.
Soluções propostas
Para combater as desigualdades, a Oxfam defende três medidas principais:
1. Limitação da concentração de renda: políticas que reduzam a disparidade extrema entre ricos e pobres.
2. Reforma tributária global: taxação de fortunas e heranças para redistribuir riqueza.
3. Regulação contra monopólios: controle mais rigoroso para evitar a formação de conglomerados que concentram poder.
O relatório da Oxfam expõe um cenário preocupante — enquanto uma parcela mínima da população acumula riquezas sem precedentes, bilhões de pessoas permanecem em condições de pobreza extrema. A organização reforça a necessidade urgente de mudanças estruturais para reverter esse cenário e garantir uma distribuição mais equitativa da riqueza global.
Fonte: O Globo.