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Expo Favela: “A favela não é carente, é potente”

Nova edição da pesquisa Data Favela mostra os números impressionantes produzidos pelos moradores dessa comunidade
17 de março de 2023 em Nacional
Renato Meirelles apresenta palavras relacionadas à favela, segundo moradores do “asfalto”. Foto: Agência Brasil

“Não dá pra qualquer pessoa falar sobre a favela sem ter a humildade de aprender com ela”, foi assim que Renato Meirelles, cofundador do Data Favela, maior instituto de pesquisas no mundo sobre esse conjunto habitacional, abriu sua participação na Expo Favela Innovation 2023, feira de negócios que une empreendedores da favela a novas oportunidades.

Renato apresentou o resultado da pesquisa “Um país chamado favela: 2023”, que retrata sonhos, preocupações, geração econômica e desigualdades sob a ótica dos moradores dessas comunidades brasileiras.

Poder bilionário

Esses residentes movimentaram, em 2022, mais de R$ 202 bilhões de renda própria por ano, R$ 12,6 bilhões a mais do que em 2021. O valor representa a sexta maior massa de renda do país, atrás apenas dos estados de São Paulo (R$ 1,1 trilhão), Rio de Janeiro (R$ 405 bilhões), Minas Gerais (R$ 383 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 276 bilhões) e Paraná (R$ 243 bilhões).

A grande geração de renda vem, em grande parte, do empreendedorismo, que é o maior sonho profissional desses brasileiros. Cerca de 35% dos habitantes da favela sonham em ter um negócio próprio, muitos inspirados por vizinhos e amigos que já vivem essa realidade.

Aproximadamente 5,2 milhões de moradores já administram o próprio negócio. O segmento de alimentação (restaurantes e lanchonetes) é o mais frequente, chegando a 15%, seguido pelo setor de beleza e saúde (14%) e pelo de comércio de roupas e acessórios (10%).

“Não existe definição melhor para inovar do que enxergar aquilo que ninguém quer ver. Nós estamos mostrando isso agora, a potência de uma favela que sonha e corre atrás dos sonhos, com a certeza de que vai realizá-los”, Renato Meirelles

Entre as maiores ambições dos residentes das favelas estão a conquista da casa própria, empreender um negócio, ter saúde e sucesso profissional. Para eles, esses desejos se transformam em metas: 7,9 milhões de moradores pretendem fazer um curso profissionalizante nos próximos 12 meses e 5,6 milhões devem investir em cursos de idiomas.

Apenas 1% dos entrevistados sonham em sair das favelas, mas os 99% restantes pedem por mais segurança, moradia adequada e infraestrutura, como melhor iluminação e rede de esgoto para todos.

O que a favela quer

Para encerrar, Renato deixou a mensagem de que a favela é um território de resistência, e também de oportunidade. Assim, necessita do investimento e da atenção do governo e de empresas para o bem-estar dos habitantes, o desenvolvimento da economia e mais igualdade de oportunidades. Os demais dados da pesquisa mostram um longo caminho de desenvolvimento.

– Atualmente há no Brasil mais de 17,9 milhões de habitantes nas cerca de 13.500 favelas do país;

– Esse conjunto habitacional abriga 5,8 milhões de famílias;

– 11,6 milhões são eleitores;

– 29% dos moradores estão desempregados;

– 61% já mentiu sobre o endereço em que reside durante uma entrevista de emprego com medo de ser reprovado;

– 68% das mães moradoras de favelas não conseguiram vagas em creches;

– 54% dos residentes não dispõem de água encanada em casa;

– Apenas 37% dos empreendedores da favela têm CNPJ.

Os dados reforçam a frase de Celso Athayde, repetida por Renato Meirelles na apresentação: “A favela não é carente, é potente”.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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