Você compra algo que nem está precisando só porque está barato?
Quer um iogurte, mas leva mais porque na compra acima de quatro unidades o preço fica mais baixo?
Gasta mais no cartão de crédito para não pagar anuidade?
Sempre adere a ações que oferecem cashback?
Se você respondeu “sim” para as perguntas acima, está aderindo ao spaving, conceito cunhado pelos norte-americanos que significa gastar mais para economizar mais. O termo vem da junção das palavras spending (gastando) e save (economizar).
Todas essas táticas de venda são uma estratégia de marketing para fazer o consumidor pensar que está levando vantagem. Elas estimular as pessoas a comprar por impulso. Algo como “aproveita agora, porque amanhã pode não ter mais”.
Mas os especialistas alertam: “A gente tem a falsa impressão de ganhar. É isso o que o comércio quer transmitir. Envolve a questão do imediatismo, do que é desejo e do que é necessidade. A lanchonete te avisa que por mais 2 reais você pode levar a batata frita. Você nem gosta ou está com fome para a batata, mas leva pela sensação de vantagem”, disse Lucas Muniz, doutorando em economia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), matemático e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ao jornal Folha de S.Paulo.
O grande risco dessa tendência de consumo, que está cada vez mais comum, é o aumento do endividamento. Mesmo pagando mais barato, a pessoa está gastando um volume maior de dinheiro, que pode não conseguir pagar no futuro.
Segundo a “Pesquisa de endividamento e inadimplência do consumidor” (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer ficou em 78,8% em maio de 2024. Dentre os consultados, 28,6% têm contas em atraso e 12% dizem não ter condições de pagar. A CNC afirma que esse resultado revela que as famílias continuam aumentando sua demanda por crédito.
Para não cair em ciladas, o conselho dos especialistas é que as pessoas evitem compras por impulso. Algumas dicas práticas: procure não abrir emails ou mensagens de WhatsApp com promoções de lojas e crie uma lista de compra para o supermercado e a siga à risca.
Não deixe a promoção de hoje se tornar a dívida de amanhã!
Fontes: CNC e Folha de S.Paulo.