No dia 29 de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma nova estratégia para conter a inflação do país: a partir de 2025, o Banco Central passará a ter uma meta contínua de inflação.
Atualmente, a meta leva em consideração o ano-calendário, ou seja, é determinada para o período de janeiro a dezembro do ano. Em 2023, a meta para este período é de 3,25%. No Brasil, esse valor é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e o Banco Central (BC) adota as medidas necessárias para alcançá-lo, essencialmente, aumentando ou diminuindo a taxa básica de juros.
Agora, com a aprovação da meta contínua, esse tempo fica mais flexível e longo, já que o BC deve manter a inflação dentro dos parâmetros durante todo o período, com um acompanhamento mensal e não dependente de uma data fechada.
Após o anúncio de Haddad, a CMN aprovou a nova metodologia e manteve a meta de 3% para a inflação dos próximos três anos, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Apesar da novidade, algumas obrigatoriedades serão permanentes, como a carta aberta que o presidente do BC deve fazer toda vez que a inflação ultrapassa a tolerância permitida para explicar o motivo dos excessos. Com a meta contínua, essa seguirá como uma prática obrigatória e será no mínimo anual, segundo Haddad.
Isso é bom ou ruim?
O novo modelo já é praticado por dezenas de países como Estados Unidos, Reino Unido, México, Israel, Chile e Índia. Especialistas se dividem em críticas e esperanças referentes à novidade.
Para os críticos, o receio é de que, com a mudança e o olhar para o futuro, o BC deixe o cumprimento da meta sempre para depois.
Já os otimistas acreditam que agora o controle da inflação poderá se adaptar ao momento econômico do país. Ou seja, diante de um pico pontual da inflação causado por um fator isolado e temporário, ele não precisa ser absorvido imediatamente elevando os juros e inibindo o crescimento da economia, e sim nos meses seguintes.
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Os detalhes da nova metodologia e os seus prazos serão formalizados por meio de decreto presidencial, que deve ser publicado em breve.