Em 6 de dezembro, Mercosul e União Europeia (UE) comemoraram a assinatura do acordo de livre comércio entre os dois blocos. O anúncio foi feito em Montevidéu, no Uruguai, e encerra 25 anos de negociações, iniciadas em 1999.
Segundo especialistas, o tratado marca um novo capítulo na relação comercial entre as partes. Mas, embora concluído, ainda há uma série de etapas burocráticas, como revisão legal e traduções oficiais, que precisam ser revistas e submetidas à aprovação do legislativo de cada país envolvido antes da assinatura.
Mercosul e União Europeia
O Mercosul é um bloco econômico sul-americano formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Criado em 1991, tem como objetivo promover a integração econômica e política, facilitando o comércio entre os membros e fortalecendo sua presença no mercado global.
Já a UE é um bloco político e econômico composto por 27 nações da Europa. Fundada em 1993, a entidade visa integrar as economias e legislações dos países-membros, além de promover valores como democracia e direitos humanos. É um dos maiores mercados do mundo, responsável por uma parcela significativa do comércio global.
O que é um acordo comercial
É um tratado entre nações ou blocos econômicos para facilitar o comércio internacional, reduzindo ou eliminando barreiras tarifárias, ajustando regulamentações e promovendo investimentos. Esse tipo de acordo busca aumentar a competitividade, beneficiar consumidores e estimular o crescimento econômico.
No caso do Mercosul e da UE, o tratado prevê:
- Redução ou eliminação de tarifas de importação e exportação;
- Harmonização de normas sanitárias e fitossanitárias;
- Cooperação ambiental e política;
- Abertura de mercados para compras governamentais; e
- Proteção de direitos de propriedade intelectual.
Vantagens e desvantagens
Para o Mercosul, especialmente o Brasil, o acordo representa uma oportunidade estratégica. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2024 e 2040, o Brasil pode registrar um aumento de 0,46% no PIB, além de atrair 1,49% mais investimentos estrangeiros e expandir as exportações em 11,6 bilhões de dólares (cerca de 70 bilhões de reais).
A UE também se beneficiará, com uma economia estimada de 4 bilhões de euros (25 bilhões de reais) anuais em tarifas de exportação. O acordo oferece acesso ampliado ao mercado sul-americano, conhecido pela vasta produção agrícola.
Entretanto o tratado enfrenta resistência significativa, principalmente de agricultores europeus, como franceses, que temem perder competitividade para os produtos sul-americanos, muitas vezes mais baratos.
Do lado da América do Sul, setores industriais, químicos e automobilísticos expressam preocupações sobre a concorrência com produtos europeus, mais competitivos em razão de custos de produção mais baixos.