Já está valendo o Desenrola Brasil, programa de renegociação de dívidas do governo federal que pretende estimular acordos entre credores e devedores de todo o país. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em apenas duas semanas, 2,5 bilhões de reais em dívidas foram negociadas.
A iniciativa deve beneficiar 78,5% das famílias brasileiras que estavam endividadas em julho de 2023, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Destas, 29,2% têm contas em atraso.
Quem pode participar
O Desenrola é voltado para dois públicos-alvo: na faixa 1 estão pessoas com renda bruta mensal de até dois salários mínimos, com dívidas financeiras ou não financeiras de até 5 mil reais ou inscritas no Cadastro Único para programas sociais federais, o CadÚnico; e na faixa 2 está quem tem renda de até 20 mil reais e teve dívidas financeiras negativadas até 31 de dezembro de 2022.
Neste primeiro momento, as negociações estão disponíveis somente para a faixa 2. Os interessados devem buscar o banco em que têm conta para fazer o acordo. Os acertos para a faixa 1 começam em setembro e valerão não só para dívidas com bancos, como também para concessionárias de energia, água e telefonia. Para essa faixa, toda a negociação será feita pelo aplicativo Gov.br. “O programa tem a vantagem de não se limitar a dívidas bancárias e reinserir as pessoas no mercado de consumo”, diz Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec RJ.
A contrapartida do governo
A intenção do governo com o programa é aquecer o consumo e, assim, fazer a economia crescer. “Boa parte do consumo das famílias brasileiras se dá pelo crédito, sobretudo para aquisição de itens como geladeira e celular”, explica o professor.
Além de ajudar o país, o Desenrola pode colaborar com a saúde mental dos indivíduos. “Estar endividado afeta a autoestima e pode ter outras consequências sociais. Essa ação tem potencial de melhorar a qualidade de vida dos brasileiros”, afirma Braga.
Golpes
Bastou o Desenrola ser apresentado para surgirem tentativas de golpes. Criminosos estão mandando e-mails, mensagens e até criando sites com o nome do programa com ofertas falsas de renegociação.
A orientação oficial é de que os interessados falem direto com o banco em que são correntistas e não cliquem em links ou compartilhem informações.