De jovem para jovem: Buxbank

Quatro jovens empreendedores desenvolveram uma plataforma que oferece banco digital e conteúdos de educação financeira para crianças e adolescentes
11 de abril de 2023 em Edições Impressas, Nacional

Em junho de 2020, no auge da pandemia de covid-19, os jovens estudantes Henrique Waksman (20), Ricardo Kovesi (19), Gabriel Hamoui (19) e Gabriel Noya (20), que na época tinham ao redor de 18 anos, uniram-se para dar vida a uma ideia em comum, a Buxbank. O desejo do quarteto era oferecer autonomia financeira e controle do próprio dinheiro a crianças e adolescentes, algo que eles mesmo não tiveram. Apesar de receber mesada dos pais, eles não tinham liberdade nem as ferramentas necessárias para administrar a quantia.

Para solucionar essa questão, os quatro criaram a Buxbank, plataforma que permite que os jovens tenham uma conta digital com cartão e utilizem parte das funcionalidades de um banco comum. Os usuários de qualquer idade podem ter um cartão pré-pago no qual o responsável deposita a mesada ou qualquer outra quantia que o jovem receber. Esse valor fica disponível para ser utilizado como o correntista desejar, com a possibilidade de usar Transferência Eletrônica Disponível (TED), Pix, pagamento de boletos, jogos eletrônicos, streaming e compras presenciais e on-line. Para isso, os responsáveis devem pagar 9,90 reais por mês pela ferramenta e depositar o valor na conta.

No aplicativo também há um cofre, no qual o jovem pode deixar o dinheiro separado para um objetivo específico, como a aquisição de um videogame ou viagem. Ali ele traça uma meta e vai acompanhando a evolução de sua poupança. Na tela do responsável é possível programar os depósitos e definir uma taxa de juros para que a quantia poupada por ele renda, estimulando o jovem a guardar dinheiro. Outra possibilidade é propor metas para que ele fature uma renda extra se realizar tarefas em casa.

Apps semelhantes já estão disponíveis no Brasil, mas não com todas as funcionalidades.

Estímulo empreendedor

O sangue empreendedor já corria nas veias dos jovens criadores da Buxbank e não precisou de muito estímulo para pulsar. Filhos de pais empreendedores, eles receberam apoio e recomendação dos responsáveis para iniciar a startup.

Gabriel Noya, entusiasta de programação e hoje estudante de ciência da computação na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, foi quem desenvolveu a versão beta, que foi testada por 50 convidados. O trabalho, até aquele momento, era manual, mas logo o quarteto percebeu que esse modelo não seria escalável a longo prazo.

Foi então que eles abriram uma rodada de capital para receber investimentos. Com a ajuda do mentor, Fabrício Buzzatti, que os acompanha até hoje, os jovens treinaram o discurso para apresentar o projeto a diversos investidores. “Nós ouvimos muito ‘não’; diziam que éramos jovens demais e que o projeto era muito caro. Mas também ouvimos ‘sim’ de cerca de dez investidores que colaboraram financeiramente com o desenvolvimento do aplicativo”, contam Ricardo Kovesi, estudante de economia no Insper, e Gabriel Hamoui, também estudante de economia, na Duke University.

Com os 500 mil reais captados na primeira rodada, eles aperfeiçoaram o negócio e contrataram uma plataforma de banking as a service, que ofereceu toda a infraestrutura de serviço financeiro para a Buxbank. “Com essa terceirização, em que a instituição nos permite atuar como banco sem iniciar o negócio do zero, conseguimos nos dedicar às funcionalidades de educação financeira”, conta Ricardo.

O aplicativo foi lançado oficialmente em março e está disponível para Android e iOS. E isso, garantem os jovens empreendedores, é só o começo da jornada da Buxbank.

“Nosso sonho é mostrar na prática que com educação financeira, o jovem consegue sua independência”, diz Henrique Waksman, que estuda economia na Fundação Getulio Vargas.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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