Quem poderia dizer que um pequeno retângulo de plástico com um chip transformaria a vida de tantas pessoas pelo mundo? Desde que o cartão começou a ser emitido, no século passado, a vida financeira de seus usuários se tornou mais fácil, prática — e perigosa, caso não se saiba como usá-lo.
Primeiro surgiu o cartão de crédito, depois o de débito e, em seguida, vieram as variações, como o pré-pago, adicional e o de mesada, que hoje podem ser encontrados em versões físicas e digitais.
Ter todas as finanças concentradas nesse pedaço de plástico pode ser um facilitador, mas, se mal compreendido ou utilizado, o cartão pode render uma grande dor de cabeça e transformar uma facilidade em pesadelo.
Para não cair nas possíveis armadilhas do cartão, vale entender como cada forma de pagamento funciona:
Cartão de débito
O cartão de débito pode ser um substituto do dinheiro físico, já que tem a mesma finalidade, de modo mais seguro e ocupando bem menos espaço na carteira.
A operação de débito é realizada em tempo real. Ao inserir ou aproximar o cartão na máquina do estabelecimento e digitar a senha, a compra é realizada e o dinheiro sai imediatamente da conta-corrente ou poupança.
Se o valor a ser pago estiver disponível na conta, a transação será concluída com sucesso. Caso contrário, a máquina sinalizará “operação não autorizada”, porque excedeu a quantia depositada em conta-corrente.
Além da função de pagamento, o cartão de débito pode ser usado para saque de valores disponíveis na conta, em caixas eletrônicos. Ademais, pode ser utilizado tanto em compras presenciais, quando você vai até o estabelecimento, como em algumas lojas on-line.
Para solicitá-lo é preciso abrir uma conta em banco. Nesse caso não é feita uma análise de dados e de crédito, portanto sua aprovação costuma ser rápida. Alguns bancos cobram taxas mensais pelo uso do cartão, mas outros, principalmente os digitais, já oferecem essa funcionalidade gratuitamente.
Cartão de crédito
Ao contrário do cartão de débito, o de crédito é utilizado para pagamento futuro, e sua aquisição é mais complexa.
Além da necessidade de ter uma conta no banco, para aprovar a função de crédito, a instituição financeira faz uma análise do perfil e do score (histórico de pagamento e relacionamento da pessoa com o mercado de crédito) do solicitante.
A partir dessa análise, o banco libera (ou não) um limite de crédito, ou seja, um valor para que o dono do cartão utilize nessa modalidade de pagamento.
O limite pode ser usado como o titular do cartão desejar, e o pagamento dos valores será mensal. Nessa modalidade, as compras podem ser feitas “à vista”, ou seja, sem parcelamento do valor. Por exemplo, uma compra de R$ 200 que foi feita hoje em uma vez no cartão de crédito constará na fatura no próximo mês com o valor total.
A depender do estabelecimento, as compras podem ser parceladas em duas ou mais vezes. Nesse caso, seguindo o mesmo exemplo: uma compra de R$ 200 realizada hoje, dividida em quatro vezes, cobrará um quarto do valor total (R$ 50) na próxima fatura, assim como na de março, abril e maio, quando a quantia será quitada.
Cuidado
No caso de não pagamento do valor integral da fatura, o banco cobrará altas taxas de juros, que variam de instituição para instituição e podem aumentar o valor da dívida consideravelmente. Em 2022, o cartão de crédito foi responsável por 86,6% do endividamento dos brasileiros, em virtude da complexidade de pagamento.
Para essa modalidade, quanto mais cautela, melhor. A recomendação é de que o crédito seja usado com consciência e segurança. Se bem utilizado, o cartão de crédito oferece vantagens além do valor: programas de cashback (que devolvem parte do valor pago) e fidelidade (em que os gastos podem ser convertidos em milhas para viagens aéreas, entre outros).
Cartão para jovens
O cartão pode ser um aliado para a educação financeira de crianças e jovens, pois oferece, desde a infância, a possibilidade de administrar valores — com supervisão.
Atualmente, jovens menores de 18 anos já conseguem abrir conta nos principais bancos tradicionais e digitais do país, mas devem ter a autorização e supervisão dos pais ou responsáveis. Recentemente, algumas instituições passaram a oferecer cartão de crédito para crianças e adolescentes, que também deve ser solicitado e monitorado pelos pais ou responsáveis, segundo a XP Educação.