Consumo por influência: o poder do digital

O mercado de live commerce deve movimentar 240 bilhões de dólares no mundo até 2027. Influenciadores e marcas brasileiras começam a descobrir esse potencial
9 de maio de 2023 em Edições Impressas, Nacional

No dia 16 de abril, Virgínia Fonseca, uma das maiores influenciadoras digitais do país, com 43 milhões de seguidores no Instagram, surpreendeu o mundo virtual com uma live de 13 horas em seu canal no YouTube. Maior do que o tempo de duração, apenas o faturamento da jovem: 22,4 milhões de reais.

Durante a ação milionária, a influenciadora apresentou os produtos da própria marca de cosméticos, Wepink, interagiu com os espectadores e ofereceu descontos ao lado da equipe e do cantor Zé Felipe, marido de Virgínia. Durante as 13 horas foram vendidos mais de 194 mil itens, como bases, batons, perfumes e sombras.

Para tal feito, a empresária utilizou o recurso de live commerce (ou live shopping, como também é conhecido), uma transmissão ao vivo que une entretenimento e venda de produtos.

Para Roberta Chammas, fundadora da LiveIn Shop, empresa do segmento de live commerce, o feito da Virgínia exemplifica o conceito da ferramenta. “Nesse formato, a marca e o influenciador oferecem entretenimento, os produtos ficam em segundo plano, esse é o diferencial. O live commerce é a humanização do e-commerce.”

A ação não foi exclusividade de Virgínia. O formato é usado em vários lugares do mundo para que marcas e personalidades motivem os consumidores a comprar, aumentando o volume de vendas e faturando mais.

Origem do negócio

O live commerce nasceu na China, em 2016. Hoje, no país, uma a cada cinco compras on-line é realizada em eventos do gênero. A praticidade, a intimidade com o usuário e vantagens exclusivas ditam o sucesso da ferramenta. Afinal, é possível falar com os apresentadores, ver os produtos e adquirir os itens ali mesmo, sem sair da tela.

Influenciadores como Huang Wei, conhecida como Viya, foram essenciais para potencializar o formato. A jovem já foi considerada a maior influenciadora da China e ficou conhecida como “rainha das lives”, sendo disputada por marcas para que seus produtos estivessem nas transmissões aos seus mais de 110 milhões de seguidores. Porém, após polêmicas relacionadas a sonegação de impostos, a Viya desapareceu das redes.

Outro influenciador famoso, Li Jiaqi (ou Austin Li), especialista em produzir conteúdos sobre beleza para os chineses, chegou a vender 15 mil batons em cinco minutos durante uma live para 100 milhões de pessoas. Ele também deixou as redes depois de se indispor com o governo chinês por apresentar um sorvete em forma de tanque de guerra um dia antes do aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial.

No Brasil…

Durante a pandemia, o formato chegou ao Brasil e ganhou o apoio e a força dos influenciadores, que têm a missão de disseminar a cultura do live commerce.

O Brasil é o país mais influenciado do mundo. Pesquisa realizada pela plataforma Cupom Válido mostra que 43% dos usuários de redes sociais já compraram por influência de personalidades da mídia. Além disso, é o segundo país que mais segue influenciadores, de acordo com as agências Hootsuite e We Are Social.

Apesar do prestígio das personalidades digitais, o formato do live commerce necessita se adaptar aos hábitos do país. “Nós precisamos tropicalizar a ferramenta. Na China as lives têm longa duração, por aqui não acredito que as pessoas passem dez horas assistindo a uma live toda semana — talvez uma hora, sim”, reflete Roberta.

O que está por vir

Para os especialistas, o live commerce ainda não chegou nem perto do auge. A empresa Statista projeta que esse negócio movimente mais de 240 bilhões de dólares no mundo até 2027.

Segundo Roberta, que estuda o sucesso do formato chinês, o país asiático pode nos ensinar muito. “A China já está na quinta geração do live commerce, enquanto nós estamos começando. Há uma infinidade de oportunidades no Brasil.”

Pela influência que os produtores de conteúdos digitais oferecem, a tendência é de que o mercado deslanche. Virgínia, Bianca Andrade, Animale e outras marcas de renome já apostam — e faturam.

Fontes: Olhar Digital, Veja, CNN, Quem, G1 e UOL.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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