No dia 22 de outubro, a Argentina escolherá o novo presidente do país, em um cenário de instabilidade econômica e recordes de inflação.
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Entre os planos de governo dos principais candidatos há propostas e ideias que dividem a população e despertam a atenção de líderes de todo o mundo.
As eleições primárias, realizadas em 13 de agosto, apontaram o favoritismo de Javier Milei, seguido por Sergio Massa, atual ministro da Economia do país, e Patrícia Bullrich.
VOCÊ SABIA? As eleições primárias argentinas são realizadas desde 2011 e têm como objetivo retirar das eleições oficiais os candidatos que receberem menos de 1,5% do total de votos dos eleitores do país. Toda a população entre 18 e 70 anos tem o dever e a obrigatoriedade de votar tanto nas eleições primárias, como nas eleições gerais. |
Segundo a consultoria RDT, a pesquisa eleitoral realizada no início de outubro mostra que Milei possui 38% da intenção de votos, enquanto Massa recebeu 27% e Bullrich alcançou 23%. Essa média se mantém em outros levantamentos. O panorama indica que há grande possibilidade de segundo turno.
Conheça as principais propostas econômicas dos candidatos
Javier Milei
O economista argentino liderou a corrida presidencial com 30,4% dos votos na eleição primária. Suas ideias geraram polêmicas entre especialistas e aprovação entre outros. O candidato do partido de direita La Libertad Avanza propõe em seu plano de governo:
– Fechar o Banco Central argentino;
– Dolarizar a economia do país, ou seja, substituir o peso, atual moeda argentina, pelo dólar;
– Unificar o câmbio, que atualmente é diferente em cada setor da economia;
– Realizar uma grande reforma econômica: redução dos gastos públicos, privatização de empresas públicas e eliminação de impostos sobre importação de insumos;
– Fomentar investimentos privados;
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Sergio Massa
O atual ministro da Economia do país é advogado e candidato pelo partido de centro-esquerda Unión por la Patria. Especialistas apontam sua desvantagem eleitoral, visto que ele não conseguiu implantar ações econômicas em sua atual gestão no ministério. O plano dele prevê:
– Renegociar as dívidas argentinas com os credores;
– Renegociar preços e salários do país para conter a inflação;
– Vender para todo o mundo as produções do país para pagar a dívida de 2,7 bilhões de dólares (13,6 bilhões de reais) com o Fundo Monetário Internacional (FMI);
– Punir sonegadores de impostos;
– Criação de uma moeda digital.
Patrícia Bullrich
Doutora em ciências políticas, a candidata do partido conservador Juntos por el Cambio possui vasta carreira política no país. Em sua campanha presidencial, ela destacou:
– Criar um plano de estabilização da inflação;
– Reduzir gastos públicos;
– Revisar as leis tributárias e fiscais;
– Remover controles cambiais;
– Unificar os tipos de câmbio;
– Simplificar a estrutura financeira;
– Desenvolver um sistema em que peso e dólar sejam usados na economia argentina.
E o Brasil com isso?
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás de China e Estados Unidos. Em 2022, a balança comercial brasileira teve um superávit de 2,2 bilhões de dólares (11,1 bilhões de reais) com o país vizinho.
Em entrevista à Reuters, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, demonstrou preocupação com a possível vitória de Javier Milei. O candidato argentino, durante a campanha, declarou que, se eleito, a Argentina poderá deixar o Mercosul, principal bloco econômico de países da América do Sul, e romper relações políticas e comerciais com o Brasil.
“É natural que eu esteja preocupado. Uma pessoa que deseja romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa”, afirmou Haddad no dia 18 de outubro.
Fonte: Reuters, Metrópoles, Poder360, Estadão e CNN.