Com apenas 28 anos, Murilo Duarte já conseguiu o que muitos sonham ao longo de uma vida: conquistar o primeiro milhão e ultrapassar essa marca.
Fez isso após criar, com o amigo Vinicius Silva, o perfil Favelado Investidor, que tem mais de 640 mil seguidores no Instagram e 340 mil inscritos no YouTube. A história de Murilo comprova que nunca foi sorte. Criado pela mãe, Juceli, e a avó, Dalva, ele viveu na favela Jardim João XXIII, na zona oeste de São Paulo, sempre vendo as duas batalharem pelo sustento da família.
Disposto a dar uma vida melhor a elas, Murilo escolheu o caminho da educação financeira. Nesta entrevista feita por Renan L. B., aluno do 3º ano do ensino médio, ele conta como conseguiu atingir seus objetivos e realizar seus sonhos.
Como você define o que faz hoje?
O Favelado Investidor nasceu com o propósito de educar financeiramente os brasileiros. Quero pegar todo o conhecimento que tenho e disseminar da maneira mais didática possível.
Como você começou a se interessar pelo mundo dos investimentos?
Foi a curiosidade. Quando ouvia “fulano é investidor”, eu pensava que essa pessoa tinha muito dinheiro. Até que comecei a estudar a respeito. Em 2015, eu era menor aprendiz em um cartório — meu salário era 680 reais, quase o valor da minha faculdade, que custava 640 reais. Em um mês, peguei esses 40 reais que sobravam e comprei o primeiro livro da minha vida, que foi sobre Tesouro Direto. Eu ouvia que Tesouro Direto era a nova poupança e, para mim, poupança era investimento. Então foi essa analogia que eu fiz para escolher o título. Não entendi muita coisa, porque tinha muita parte técnica, mas o livro ensinava a abrir conta numa corretora. Eu demorei três meses para fazer meu primeiro investimento. Lembro que fiz dentro de um ônibus lotado, com frio na barriga, porque era todo o dinheiro que eu tinha.
O que te fez chegar aonde você está atualmente?
Eu fiz algumas escolhas no passado que foram mais dolorosas, mas necessárias para colher pelo menos alguma coisinha hoje. Eu escolhi estudar e, na faculdade, sentia a diferença de visão de mundo. Ali eu aprendi a estudar e ler de fato, não só ler e não entender. Consegui um estágio no Bradesco e depois fui para a KPMG, uma multinacional. Essa mudança de ambiente com certeza agregou muito, por eu estar com pessoas que queriam crescer e prosperar.
Você já se endividou?
Eu me endividei quando meu salário saiu de 680 reais para 2.500 reais. Eu não estava preparado para lidar com essa quantia. Comecei a gastar muito em roupa, comprei um iPhone, tênis e passei a sair, ir aos bailes e pagar bebida para os outros, tudo com o meu cartão de crédito, para ser o bonitão do rolê. Foi assim que fiz uma dívida de 5 mil reais, que virou 20 mil reais. Para sair disso, eu e o Vinicius, que também estava com dívidas, começamos a vender roupas e acessórios pelo Instagram. Quitamos as dívidas em um ano e recomeçamos do zero.
Existe segredo para o sucesso?
Eu considero que sim. As pessoas têm que ter consciência de que a vida acontece de acordo com o que pensamos e fazemos. Se alguém quer um canal com um milhão de seguidores, deve pensar que tipo de pessoa seria para ter um milhão de seguidores. Se ela imaginar que seria uma pessoa produtiva, que domina o assunto, é comunicativa, cria roteiro e viraliza, tem que fazer a própria parte e agir dessa maneira. Em 2016, eu estava em um baile no Paraisópolis e comecei a refletir sobre a vida. Sonhando alto, me veio à cabeça a imagem do Flávio Augusto, que eu já acompanhava e cujos livros já tinha lido. Eu pensei: “Flávio Augusto veio da periferia do Rio de Janeiro e se tornou bilionário. Ele estaria aqui no baile? Não! Ele estaria estudando, lendo, trabalhando, desenvolvendo-se. No mesmo instante, eu deixei de lado meu copo de uísque e fui para casa. Nunca mais eu pisei em um baile, porque a pessoa que eu queria me tornar não estaria lá.
Como foi a experiência de ser listado entre os principais empreendedores com menos de 30 anos pela revista Forbes?
Eu saí na Forbes Under 30 em dezembro de 2020, que foi um dos melhores anos da minha vida até hoje. Eu e o Vinicius tínhamos o costume de anotar os planos e objetivos no celular no começo do ano. Em 2020, entre nossas metas, estava bater 100 mil inscritos no YouTube e Instagram e, juro, entrar na lista da Forbes. No fim do ano, durante um almoço, olhamos a lista. Eu disse para o Vinicius: “Só faltou essa”. Fomos embora e, cinco minutos depois, ele me liga e fala: “Olha o seu e-mail”. Quando vi, era uma mensagem da revista chamando para uma entrevista. Depois de 15 dias, lá estava minha foto de boné, óculos Juliet e camiseta Favelado & Investidor. Foi um dos maiores reconhecimentos que eu recebi.