Somos pouco mais de 203 milhões de brasileiros. Essa foi a conclusão do censo demográfico realizado em 2022. Os primeiros resultados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no fim de junho, e mostram que nossa população ganhou 12,3 milhões de pessoas, o que representa um crescimento de 6,5% desde 2010, quando foi feito o censo anterior.
Mais do que uma simples contagem, o estudo é um retrato fiel do perfil da população brasileira. Ele aponta a quantidade de homens e mulheres, a raça, a classe social e o total de habitantes de cada município. Para obter as informações, o instituto busca bater à porta de todos os domicílios dos 5.570 municípios do país.
O que é censo?
Censo, também chamado de recenseamento demográfico, é uma contagem do número de habitantes de determinado lugar. Ele é realizado a partir de visitas de profissionais especializados, os recenseadores, aos domicílios do país. O estudo também revela o gênero, a classe social, a idade e outros dados demográficos da população.
Depois de apuradas as informações, uma equipe de analistas de crescimento populacional se debruça sobre os números para avaliar as mudanças que ocorreram desde a contagem anterior.
No Brasil, o censo é realizado de dez em dez anos, mas o atual foi adiado em dois anos, em virtude da pandemia de covid-19 e de cortes de verbas federais.
Como as empresas usam as informações
Os dados do censo são fundamentais para estimar a demanda de produtos e traçar estratégias de crescimento. “Grandes varejistas, por exemplo, podem buscar as regiões em que a renda da população está aumentando para decidir onde serão abertas as novas lojas”, diz Paulo Jannuzzi, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE. Além disso, o censo é referência para diversas outras pesquisas, feitas por diversos institutos. Com os dados em mãos, eles definem os locais e perfis dos entrevistados para garantir a amostra mais fiel possível da população.
Como os dados contribuem com os governos
Os números revelados pelo censo são muito importantes para a economia do Brasil, pois, a partir deles, os governos dimensionam os serviços públicos disponíveis, como escolas, hospitais e delegacias. Também depende da pesquisa a definição de políticas públicas, como programas para ajudar a população mais carente.
O censo também é útil para entender a estrutura produtiva das cidades. “Os dados mostram os lugares que têm mais comércio, os que têm mais indústrias e os que têm mais produção agrícola”, afirma o professor.
O que mudou no Brasil
Um dos dados que chamou mais a atenção no Censo 2022 foi o grande crescimento da Região Centro-Oeste. O número de habitantes teve uma taxa de crescimento geométrico de 1,23%, saltando de 14 milhões para 16,3 milhões, entre 2010 e 2022. Foi o maior crescimento regional apurado no estudo. Outra constatação foi a desaceleração do crescimento das capitais, o que mostra que muitos brasileiros estão deixando os grandes centros e mudando para o interior.
A distribuição da população pelas cinco regiões
O Sudeste continua sendo a região mais populosa, mas o maior crescimento nos últimos anos foi registrado no Centro-Oeste.
Pergunta para o especialista Pelo censo dá para ter ideia de quais regiões mais devem crescer economicamente nos próximos anos? BRUNA S., 15 ANOS Essa não é uma análise simples. Outras variáveis, como disputas geopolíticas, mudanças climáticas, desigualdade e fortalecimento ou não das políticas públicas e inovações devem ser levadas em conta. Contudo, as perspectivas apontam para uma amplificação do desenvolvimento, seja ao Norte ou Nordeste no país, para além do Centro-Oeste. PAULO JANUZZI, PROFESSOR DA ESCOLA DE ESTATÍSTICA DO IBGE |