
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou, em 10 de fevereiro, a imposição de tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, medida que elimina exceções concedidas em 2018. A decisão tem o objetivo de proteger a indústria norte-americana, mas traz consequências para o comércio global e pode gerar impactos significativos para o Brasil, um dos principais exportadores de aço para os EUA.
“Estávamos sendo massacrados por amigos e inimigos”, declarou Trump, reforçando sua política protecionista. Com a nova determinação, todas as importações de aço passam a ser taxadas em 25%, enquanto as de alumínio, anteriormente taxadas em 10%, também sobem para 25%.
A decisão vem na esteira de medidas semelhantes adotadas contra produtos do México e Canadá, embora nesses casos as tarifas tenham sido suspensas após negociações.
Impacto para o Brasil
Os EUA são um dos principais destinos do aço brasileiro. Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor do produto para o país, exportando cerca de 4 milhões de toneladas, o equivalente a 3 bilhões de dólares (mais de 17 bilhões de reais). Com as novas tarifas, as siderúrgicas nacionais terão que buscar alternativas para escoar a produção.
Segundo o jornal Valor Econômico, as empresas mais afetadas devem ser a Ternium e a ArcelorMittal, que têm usinas no Brasil e exportam grandes volumes para os EUA. Por outro lado, a Gerdau, que tem operações relevantes em solo norte-americano, pode se beneficiar da medida, uma vez que o aumento nos preços internos e a menor concorrência favorecem as unidades da companhia nos EUA.
Já a Usiminas, cuja maioria das vendas é voltada para o mercado interno, pode ser menos impactada, mas, ainda assim, enfrentará dificuldades para realocar a produção exportada. No setor de alumínio, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) também tende a sentir um impacto limitado, pois 80% da produção é consumida no Brasil.
Consequências para a economia brasileira
A imposição da tarifa extra tende a pressionar a siderurgia nacional. Se não conseguirem redirecionar as exportações a outras regiões, como China e Europa, as empresas podem ser forçadas a reduzir a produção e, consequentemente, demitir trabalhadores.
O setor industrial como um todo também pode ser afetado, já que a redução na venda de aço para os EUA implica uma menor entrada de dólares no Brasil. Com menos dólares circulando no país, o real pode se desvalorizar em relação a moeda norte-americana, encarecendo importações e pressionando a inflação.
O mercado interno também poderia absorver parte da produção, mas isso dependeria de uma retomada mais forte da construção civil e da indústria automobilística.
Vai ter contra-ataque
O governo brasileiro deve adotar uma postura inicial de negociação antes de tomar medidas de retaliação contra os EUA. Em 2018, o Brasil conseguiu uma isenção parcial das tarifas impostas por Trump. Agora, diante do endurecimento das políticas protecionistas norte-americanas, o desafio deve ser maior.
Caso as negociações não avancem, o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas, argumentando que estas violam acordos comerciais internacionais. Além disso, em retaliação, o país pode aumentar tarifas sobre produtos dos EUA, embora esta estratégia tenha efeitos colaterais que precisam ser ponderados.