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Como a deflação da China pode afetar o Brasil e o mundo

Os impactos da queda nos preços da segunda maior economia do planeta podem chegar a todos os lugares
10 de agosto de 2023 em Internacional
Foto: Getty Images

Em julho, a China, detentora da segunda maior economia do mundo, registrou pela primeira vez em dois anos uma deflação de 0,3%, na comparação anual.

Segundo especialistas, o país vem passando por uma desaceleração econômica nos últimos anos, e a deflação é um dos reflexos desse cenário, além do desemprego entre os mais jovens e a queda na importação e exportação.

Para alguns economistas, esse recuo nos preços é momentâneo, mas já tem efeitos negativos para o mundo, inclusive para o Brasil.

Com a desaceleração do país, sua balança comercial sofre os efeitos da queda econômica, impactando todos as nações que têm relações comerciais com a China.

Em julho, a exportação chinesa caiu 14,5%, a maior queda desde o início do período de pandemia de covid-19. Já a importação recuou 12,4% no comparativo anual.

O PIB do último trimestre, encerrado em junho, cresceu 0,8%, muito abaixo do esperado e dos 2,2% registrados nos primeiros meses do ano.

A bolsa de valores sente os efeitos igualmente. O índice CSI300, que reúne as grandes companhias listadas na bolsa de Xangai e Shenzhen, fechou o dia 8 de agosto em queda de 0,31%; já o de Xangai, de 0,49%.

Os impactos no Brasil

A China é o maior importador de produtos brasileiros. Em 2022, o país asiático foi responsável por mais de um quarto das exportações do Brasil, que totalizaram 335 bilhões de dólares (1,628 trilhão de reais). Destes, 89,4 bilhões de dólares (434,8 bilhões de reais) vieram dos chineses.

Apenas no primeiro semestre de 2023, as vendas de produtos brasileiros para a China alcançaram um superávit de 23,3 bilhões de dólares (113,2 bilhões de reais) no Brasil. Mas, diante do atual cenário, especialistas esperam um valor significativamente menor até o fim do ano.

A queda das importações e o indício de desaceleração da economia chinesa impactam na demanda e nos preços de diversos produtos brasileiros, como minério de ferro.

Outros especialistas acreditam que o reflexo no país não deve ser drástico e apostam em uma resiliência econômica da China, assim como observado no período de pandemia.

…e no mundo.

Os números divulgados pela China acenderam um alerta geral, visto que o país concentra uma das maiores potências econômicas mundiais.

Além de consumidor, a China é um grande exportador de produtos para todo o mundo. Seu atual cenário de deflação pode significar uma queda nos preços de vendas para outras nações.

Mas, se os produtos chineses mais baratos dominarem o mercado global, os fabricantes de outros países podem sofrer sem conseguir concorrer com os valores.

Em contraponto, com excesso de oferta interna, o país pode ter forte queda na importação de produtos, já que não há grande consumo dentro do país.

Fontes: Estadão, Folha de S.Paulo, B3 e BBC.

*A deflação não é uma exclusividade da China, confira em “Na contramão do mundo, Japão sonha com a inflação”.

Ficou com dúvida sobre alguma palavra do texto? Confira o nosso glossário neste link.
 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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