Dúvidas em relação ao resultado das eleições presidenciais na Venezuela, ocorrida no fim de julho, desencadearam uma série de protestos dentro e fora do país. O processo eleitoral tem recebido críticas de organizações internacionais por falta de transparência.
A situação da nação vizinha pode afetar as relações econômicas com o Brasil? “A Venezuela já foi o sexto maior parceiro comercial do Brasil, mas hoje é apenas o 44º, então, o impacto é menor”, afirma Alex Nery, professor da FIA Business School.
O principal acordo comercial que o Brasil tem com a Venezuela é em relação à energia que abastece Roraima. Como o estado não é ligado à rede de distribuição da maior parte do Brasil, o país compra energia do vizinho.
Considerando as importações e exportações entre as duas nações, a participação venezuelana na balança comercial brasileira é abaixo de 0,5%. “A Venezuela, apesar de fazer parte do Mercosul, perdeu seus direitos e deveres dentro do bloco, o que reduziu bastante as relações comerciais”, completa Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec SP.
Ainda que o comércio de lado a lado tenha diminuído, a atual crise venezuelana pode trazer implicações geopolíticas para o Brasil e sua pretensão de ser líder regional. “O governo brasileiro fica um pouco desgastado quando tem um parceiro de longa data sendo acusado de violações de liberdades individuais”, diz Pires.
O momento exige muito cuidado da diplomacia brasileira ao se posicionar. “Reconhecer Maduro como presidente pode trazer prejuízo para a relação com os Estados Unidos. Por outro lado, não reconhecer pode desagradar a China, que é o principal parceiro comercial brasileiro hoje”, afirma Nery.
Fontes: Poder360, UOL, Acnur e ONU.