Por ano, Paris recebe em média, 50 milhões de turistas e fatura cerca de 20 bilhões de euros (107,3 bilhões de reais) com as visitas, segundo dados de 2022. Acostumados com a demanda em uma das cidades mais turísticas do mundo, os parisienses viram a oportunidade de ganhar ainda mais durante os Jogos Olímpicos 2024, que devem receber 11 milhões de visitantes entre os dias 26 de julho e 11 de agosto.
Há um ano, o valor da diária para o período da competição, tanto em hotéis como em aplicativos de locação e imobiliárias, era até 6,6 vezes maior do que o preço cobrado habitualmente, segundo levantamento do jornal Le Parisien. Em algumas regiões, o aumento chegou a 1.514%.
A oportunidade fez com que milhares de proprietários colocassem à disposição casas e apartamentos para locação, a ponto de a oferta superar a demanda. Agora, faltando menos de cem dias para o início da Olimpíada, os donos de imóveis estão reduzindo o valor do aluguel.
O efeito é sentido especialmente no mercado de propriedades de luxo. Segundo a imobiliária Barnes, apenas 20% de seus imóveis foram alugados. Casas de 100 m² estão saindo por 1,4 mil euros (7,6 mil reais) por dia. Meses atrás, eram ofertadas por 2,8 mil ou até 4,3 mil euros (15,3 mil e 25,5 mil reais, respectivamente).
Pela análise do mercado do setor, os clientes mais ricos, dispostos a desembolsar pequenas fortunas para acompanhar os Jogos Olímpicos, já o fizeram há um ano, comprando pacotes de estadia que incluíam ingressos para o evento.
O cenário deve se manter até o início da competição, e a baixa generalizada dos preços pode prejudicar os aluguéis já firmados. Se o turista encontrar hospedagens semelhantes ou melhores com preços mais acessíveis, pode tentar cancelar o contrato e buscar um novo lugar.
E os moradores?
Além dos proprietários de imóveis que os colocaram para locação durante os Jogos Olímpicos, outros ainda podem dispensar seus inquilinos fixos, com a expectativa de faturar mais em menos tempo.
A legislação da França determina que a quebra de contratos de aluguel pode ser feita com, no mínimo, três meses de antecedência para imóveis mobiliados.
O período se aproxima e especialistas — e inquilinos — temem que os proprietários peçam seus imóveis para alugar por preços mais elevados aos turistas e aumentar ainda mais a oferta disponível, que já é excedente.
É sempre assim…
O cenário inflacionado é familiar para os fãs de esporte que desejam acompanhar a competição, independentemente da sede. No Rio de Janeiro, durante os Jogos Olímpicos de 2016, a cidade recebeu mais de 1,1 milhão de turistas. A diária em bairros nobres, como Copacabana e Barra da Tijuca, superava mil reais. Fora do período turístico, os mesmos imóveis apresentavam diárias de 350 reais.
Fontes: Capital, O Globo, G1, Le Parisien e Veja.