Nathália Rodrigues de Oliveira, de 25 anos, sempre se encantou por finanças. Ainda pequena, ela brincava com o irmão de ser gerente de hotel ou restaurante — e o local preferido, claro, era o caixa. O tempo passou, mas o interesse persistiu e levou a estudante a cursar a faculdade de administração, em que teve os primeiros contatos com finanças numa aula inspiradora do professor de matemática financeira.
“Ele explicou de uma maneira tão incrível que decidi que queria trabalhar com algo relacionado ao tema”, diz.
Neste papo exclusivo com o TINO Econômico, Nath foi entrevistada por Emily C., de 17 anos, aluna da E. E. PEI Professor Josué Benedicto Mendes. Confira.
Qual é a importância da educação financeira na vida de um jovem?
A educação financeira transforma vidas. Não é falar “gaste menos do que ganha”; a educação financeira nos faz questionar salários, nos perguntar por que fulano, que é homem e tem a mesma função que a fulana, ganha mais do que ela… Faz questionar o sistema e entender nossa relação com o dinheiro. Também traz autoconhecimento, você vai se entendendo e descobrindo por que quer gastar mais quando está feliz ou triste. A educação nos dá autoconhecimento e é emancipadora, ajuda-nos a dizer não a certas situações.
Como foi seu início como empreendedora?
O Nath Finanças foi criado na virada de 2018 para 2019, eu já estava na faculdade. Existiam pessoas falando de finanças, mas elas não falavam com o estagiário, o trabalhador assalariado ou o estudante que estava começando a vida financeira. Para mim, incomodava ver pessoas que nunca tiveram a experiência de se juntar com os amigos para poder comprar um hamburgão falarem sobre como guardar mil reais, sendo que mil reais é o salário de muita gente. Eu queria alcançar pessoas como eu, que estão no corre, buscando se desenvolver e prosperar. O Nath Finanças fala de finanças reais para pessoas reais. É para pessoas que querem aprender, porque quem não souber se organizar com dinheiro não consegue progredir em nada.
Como foi para você estabelecer o seu nome nesse mundo?
Eu não tive que abrir portas, eu tive que arrombá-las, por ser uma mulher negra e ter saído da periferia. Porque é muito machismo, muita misoginia e racismo. Mesmo com tudo que já fiz, sempre vão dizer: será que é realmente ela quem está falando? Quem me deu oportunidade foram os meus seguidores, os “financers”. Não fossem eles, tenho certeza de que eu não estaria aqui.
Qual foi sua maior dificuldade e como você lidou com isso?
Uma das maiores dificuldades que eu passei foi ter a rotina de acordar às cinco da manhã, ir para o trabalho, depois ir direto para a faculdade e só voltar para casa depois das 11 da noite. Quando o Nath Finanças começou, eu editava vídeo de madrugada. Eu tinha muita, mas muita olheira. Claro que teve momentos em que pensei em desistir, mas o que me motivava a continuar era saber que eu ia conseguir realizar os meus objetivos. Se eu não tivesse feito a faculdade, não estaria com a minha empresa, com mais de 15 funcionários. A educação financeira transforma.
Dinheiro, apesar de ser algo que faz parte do nosso dia a dia, ainda é um tabu. Como foi para você fazer essa ruptura?
Os meus pais não falavam muito de dinheiro quando eu era criança. Diziam que era assunto de adulto. Hoje eles sabem que não é isso, mas entendo esse pensamento, porque o dinheiro, ou melhor, a falta dele, dá uma dor de cabeça, mexe com o psicológico. Eu vi muitas vezes meus pais no fim do mês se sentarem numa mesa, pegarem todos os boletos e começarem a numerar o que precisava ser pago. Eram duas horas em que eles iam se organizando e se estressando.
Você se transformou em personagem da turma do Menino Maluquinho. Como foi essa experiência?
Foi emocionante, porque o Ziraldo fez parte da minha infância também, minha mãe é muito fã. É mais um sonho realizado. Foi um projeto que levou mais de um ano para sair e, quando saiu, foi de uma maneira muito incrível, com pedagogos e professores. Porque não sou educadora financeira, eu me considero uma orientadora. Educadores são os professores que estão lá nas escolas no dia a dia.
Aonde você quer chegar, qual seu objetivo futuro?
Eu quero ser referência nas escolas, nas periferias, e quero criar o Instituto Nath Finanças, que vai ajudar ainda mais pessoas e alcançar esses jovens e adultos que estão aí precisando se organizar, mas não sabem por onde começar. Também quero fazer faculdade de economia. Já sou administradora, e também quero ser economista.