Você já ouviu falar em amortização financeira? Ela pode ser uma boa ferramenta para diminuir os juros e a duração de uma dívida de longo prazo.
Vamos imaginar que sua família comprou um imóvel com o compromisso de pagá-lo em 20 anos, em virtude do alto valor. Ao longo desse tempo, vocês conseguiram uma renda extra e estão pagando duas parcelas por mês, em vez de uma, que era o combinado com a instituição financeira que ofereceu o crédito. Isso é amortização de parcelas! Você está antecipando o pagamento de valores, diminuindo a duração de quitação da dívida e, consequentemente, os juros totais a serem pagos nesse período.
Pode acontecer também de se usar esses valores extras para diminuir o valor das parcelas seguintes, deixando a dívida mais fácil de ser paga no futuro.
Por que e quando amortizar parcelas
A amortização é utilizada principalmente quando a dívida é alta e de longo prazo, como a compra de um imóvel ou de um veículo. Esses são objetos de desejo de grande parte dos brasileiros, mas, em consequência do alto custo, o pagamento à vista é muito raro.
Portanto, para realizar esses sonhos, muitos recorrem aos bancos para solicitar uma linha de crédito, que é o financiamento. Nesse caso, a instituição empresta o valor para a aquisição da casa ou do carro, com o compromisso de pagamento em parcelas mensais. Para o banco, tempo não é problema, assim, esses empréstimos são feitos com possibilidade de quitação em dez, 20 e até 30 anos.
“Um financiamento é o aluguel de um dinheiro que o banco está te emprestando e você não tem. O valor a ser pago é composto pelo ‘aluguel do dinheiro’ (juros), mais a prestação do imóvel. Por isso, no fim do pagamento, o valor total pode ser até três vezes o valor da casa”, explica Thiago Godoy, head de educação financeira do Instituto XP.
Ou seja, nesse período, os juros cobrados pelos bancos estão correndo e aumentando o valor final. Para diminuí-los é possível utilizar o recurso da amortização de parcelas, ofertado pela maioria dos bancos, em que você antecipa o pagamento e foge dos juros que cairiam naquela prestação.
Tipos de amortização
No Brasil, há dois sistemas principais de amortização financeira:
- Tabela SAC (Sistema de Amortização Constante)
Neste caso, o valor da parcela varia, pois os juros somados à prestação do imóvel são calculados mês a mês, de acordo com o montante devedor. Ou seja os juros ficam mais altos no começo do contrato e diminuem gradativamente até a quitação da dívida. Ao antecipar pagamentos, você diminui o tempo de quitação e se livra dos juros finais das parcelas que já foram pagas previamente.
- Tabela Price (Sistema Francês de Amortização)
Neste sistema, os juros já estão pré-fixados e não mudam ao longo dos pagamentos. Essa opção é mais utilizada no caso de dívidas menores e de curto prazo, como fatura do cartão de crédito ou crediário. Isso quer dizer que os valores pagos serão iguais do início ao fim. Mas você pode antecipá-los para se livrar dessa dívida o quanto antes.
“Ao amortizar, você está reduzindo o valor total do imóvel, já que não está pagando juros. Por exemplo, você tem um financiamento com parcela mensal de R$ 2 mil e hoje conseguiu o dobro desse valor, com uma renda extra. Com ele você pagará a parcela do mês e amortizará outra parcela no aplicativo do seu banco. Ao fazer isso, você não amortiza só uma parcela, você vai amortizar o equivalente a até três parcelas, porque não está pagando juros”, conta Godoy.
Vantagens e desvantagens
Fugir dos juros por si só já é muito bom, mas pagar o seu bem tão desejado em menos tempo, pode ser ainda melhor. Separamos as vantagens e desvantagens de apostar nesse recurso para ajudá-lo na decisão.
Vantagens
- Diminuição do tempo total de pagamento da dívida;
- Diminuição do valor dos juros totais;
- Aplicação da renda extra para quitação da dívida;
- Segurança no caso de dificuldades futuras, já que o pagamento de parcelas foi antecipado quando era possível.
Desvantagens
- No contrato de financiamento, muitas vezes há uma carência e um período em que a amortização ainda não está disponível pela instituição;
- Caso você não tenha uma reserva de emergência (aquele dinheirinho guardado para uma eventualidade), essa renda extra usada para amortizar pode fazer falta. Portanto, tenha um planejamento financeiro para alocar sua renda no lugar certo, na hora certa e, sempre que possível, amortizar valores, para quitar sua dívida o quanto antes.