Dona da segunda maior economia do mundo, da segunda maior população do planeta e uma das maiores potências tecnológicas atuais, a China mudou o cenário econômico e a geopolítica globais na última década.
Na segunda edição do Especial Enem (serão mais duas reportagens, em outubro e novembro), o TINO foi investigar com professores como o tema pode ser abordado no principal vestibular do país.
Por que a China é tão poderosa?
Há 13 anos, a China é a segunda maior economia do mundo. Em 2022, o PIB nominal dos Estados Unidos foi de 25 trilhões de dólares (algo em torno de 120 trilhões de reais) e o do país asiático, 18 trilhões de dólares (cerca de 88 trilhões de reais).
A ascensão começou na década de 1980, quando o governo chinês fez uma reforma econômica, posicionando o país como o maior exportador do mundo de produtos de baixo custo, feitos com mão de obra barata. De 1994 a 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu, em média, 8,7% ao ano, de acordo com levantamento do site Poder360.
Hoje, a nação é parceira comercial da maior parte dos países. “Era mais barato produzir e comprar na China do que investir no próprio parque industrial”, explica Norberto Salomão, professor e especialista em geopolítica.
Problemas econômicos recentes
Ainda que a previsão de aumento do PIB seja de 5% este ano, a China vem registrando desaceleração do crescimento, deflação e enfrenta uma crise imobiliária severa. No longo prazo, os efeitos negativos podem chegar a todo o mundo.
Por exemplo, a crise imobiliária paralisou as construções e, por isso, caiu o consumo de aço, produzido a partir do minério de ferro importado do Brasil. A deflação também afeta a balança comercial, já que os preços das vendas externas tendem a sofrer queda, atrapalhando a concorrência.
A relação comercial com o Brasil
“Antes da década de 2010, a relação comercial com os países chamados de subdesenvolvidos era baseada principalmente pela importação de commodities, enquanto as exportações de industrializados era destinada ao Ocidente desenvolvido”, explica Bruno Hendler, doutor em economia política internacional.
Entretanto, após a crise do euro e dos EUA, entre 2008 e 2010, a China buscou as demandas de países fora do eixo desenvolvido. O objetivo era ampliar a relação com a América Latina, o Oriente Médio e a África — e passar a exportar produtos industrializados também para essas regiões.
Deu certo. Hoje, a China é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2022, foram 91,2 milhões de dólares (447 milhões de reais) em exportações de produtos brasileiros (minério de ferro, especialmente) e 61,5 milhões de dólares (300 milhões de reais) em importação de produtos chineses.
A nova rota da seda
A rota da seda é conhecida dos estudantes: se, na Idade Média, ela viabilizava o comércio do então principal produto chinês entre o Oriente e o resto do mundo, a nova rota tem a proposta de disseminar a cultura chinesa.
Desde o enfraquecimento do dólar e do domínio dos EUA, na última década, a China tenta ocupar esse espaço. A influência e o consumo da música, das produções audiovisuais, do esporte e da culinária do país começou na Ásia, até chegar às Américas. Segundo Hendler, difundir a cultura é um dos principais desafios da China, que disputa espaço com os EUA e a Europa, tradicionalmente mais aceitos.
DICA EXTRA: Para Hendler, além de se atentar as notícias sobre o país, vale acompanhar os perfis de profissionais que o mercado chinês procura no Brasil. Especialistas em setores de engenharia e tecnologia da informação, além do vasto campo da área de ciências exatas são profissionais buscados por multinacionais da China que atuam no Brasil. Aos que desejam uma oportunidade do outro lado do mundo, também vale se dedicar a áreas de gestão ambiental, visto que empresas chinesas têm uma preocupação extra com os impactos ambientais de suas produções. |
Fontes: Ministério da Fazenda, Poder360 e Folha de S.Paulo.