COP 30: aumento da demanda movimenta os preços em Belém

Moradores consideram deixar a casa em que residem para faturar alto com aluguéis
8 de abril de 2025 em Edições Impressas, Nacional
Belém (PA): obras do Parque da Cidade, espaço que sediará a COP30. Foto: Ricardo Stuckert/Agência Brasil

A pouco mais de 200 dias da Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP30) de 2025, que será realizada em novembro, em Belém (PA), os moradores da capital paraense sentem os primeiros impactos financeiros locais de um evento global.

De acordo com Roberto Kanter, economista e professor da Fundação Getulio Vargas, o aumento nos preços é inevitável. “Isso faz parte do mundo dos eventos, é a lei da oferta e da demanda, é ela que regula os preços. Se eu tenho muito o que oferecer e pouca gente para comprar, meu preço cai e, no cenário oposto, como o atual, sobe”, diz ele.

Enquanto Belém se prepara para receber mais de 50 mil turistas por dia durante a COP, os visitantes se preocupam com os preços elevados das hospedagens. O aluguel de um imóvel grande no centro da cidade para os 11 dias de conferência pode chegar a 2 milhões de reais, valor sufi ciente para a compra de um imóvel na região.

O aumento excessivo se deve, principalmente, à escassez de acomodação para todas as pessoas que devem desembarcar na região. A capital dispõe de cerca de 24 mil hospedagens, ou seja, nesta configuração, mais da metade dos visitantes não teria onde se hospedar. Alguns moradores cogitam deixar a casa em que residem durante o período do evento e alugá-la a preços elevados para faturar e contornar os gastos mais altos.

Como alternativa para esse desafio, o governo está investindo em infraestrutura. Mais de 4,7 bilhões de reais foram destinados a melhorias na cidade e à ampliação da capacidade de acomodação. A estratégia inclui a reforma de 17 escolas que serão usadas como hostels (hospedagens coletivas), a construção de quatro novos hotéis e a utilização de navios de cruzeiro como hospedagem temporária para os visitantes. “A única solução para o problema é aumentar a oferta, ter mais alternativas disponíveis”, completa Kanter.

Por outro lado, a população já sofre com a alta no preço de produtos e serviços e teme que esse cenário se agrave com a proximidade do evento, gerando uma crise de abastecimento e valores ainda mais salgados — que podem demorar a voltar a um patamar mais baixo. “Se, por exemplo, um copo de açaí custava 12 reais, é provável que, até a data da COP30, o preço suba para 18 reais, em razão da maior demanda. O problema é que a velocidade dessa alta é muito maior do que a do declínio”, diz o professor.

O que é a COP30

A Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas é o encontro global mais relevante sobre o tema. Realizada anualmente, a COP reúne representantes de governos e da sociedade civil de 198 países. Criado em 1992, o evento chega à 30ª edição no dia 10 de novembro, no Brasil. Temas como redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs), adaptação às mudanças climáticas e financiamento climático para nações em desenvolvimento estão entre os principais assuntos que serão abordados.

Fontes: Nexo, Estadão e Gov.Br.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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