

À beira da BR-356, em São João da Barra, no Rio de Janeiro, uma barraca rosa se destaca entre as demais. Os diferenciais não são apenas a cor chamativa e a arrumação caprichada, e sim quem está atrás do balcão. É Jéssica Oliveira, 29 anos, enfermeira e empreendedora que transformou uma necessidade financeira em um negócio próspero e inspirador.
Com 13 anos, Jéssica já trabalhava em lojas locais para ter o próprio dinheiro. “Eu sempre tive vontade de conquistar independência financeira”, conta. Mas sua jornada empreendedora começou quando ela passou no vestibular para enfermagem. Precisando se manter durante os estudos, Jéssica viu nas tradicionais barracas de castanha-de-caju da região uma oportunidade de levantar renda. “Peguei uma emprestada com meu tio e pedi 600 reais ao meu pai para comprar minha primeira caixa de castanha.” No primeiro dia, ela faturou 75 reais; no segundo, 150 reais.
O negócio cresceu rapidamente, e o que seria apenas um meio para bancar a faculdade se tornou a paixão e o desejo de crescer da empreendedora. Para aumentar as vendas, Jéssica percebeu a oportunidade de se sobressair. Criou uma identidade visual e pintou a barraca de rosa. “Foi uma jogada de marketing que fez minha barraca se destacar entre todas.”
O desejo de expandir a estimulou a se dedicar mais: enquanto os outros vendedores trabalhavam apenas durante o dia, Jéssica estendeu seu horário até 22h, conquistando um público que outros não atendiam. “As vendas triplicaram”, conta ela.
Hoje ela divide a rotina entre a barraca e a atuação como enfermeira em um hospital da região, mas não esconde que o negócio próprio é sua prioridade. “Eu trabalho na área da saúde, mas amo mesmo meu comércio.”
Os perrengues
A trajetória de Jéssica teve muitos tropeços. O primeiro grande revés aconteceu quando a empreendedora teve toda a mercadoria roubada dentro da própria residência. “Cheguei tarde em casa e deixei tudo que havia comprado na varanda; quando acordei no dia seguinte, tudo havia sido levado”, diz. “Precisei pegar mercadoria emprestada com uma amiga, mas continuei.”
O desafio mais marcante, entretanto, foi quando ela comprou 16 mil reais em castanhas de um fornecedor desonesto, que nunca concluiu a entrega. “Você acha que eu desanimei? Nada! Eu tinha uma reserva”, afirma, ressaltando a importância de sempre guardar 30% dos ganhos para emergências.
Estudar para crescer
Esse conhecimento vem de muito esforço. Jéssica sempre se dedicou aos estudos. Participou de programas como Juventude Empreendedora, do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (Ceids), e do Empretec, projeto de formação de empreendedores criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Também estive no programa Mulher de Negócios, do Sebrae. Cheguei até a etapa estadual, foi uma conquista enorme.”
Para o futuro, ela planeja expandir o negócio com food trucks para levar as castanhas a cidades vizinhas. “Quero que a minha barraca seja conhecida por todos. Quero ter carrinhos personalizados em shoppings, para fazer a castanha na hora.” Para o jovem que quer empreender, ela dá um conselho: “Seja apaixonado pelo seu negócio. Os altos e baixos fazem você querer desistir, mas a paixão te faz querer continuar”.