Investir na bolsa está ao alcance dos jovens

Christianne Bariquelli, superintendente de projetos educacionais da B3, tem o desafio de disseminar o conhecimento de educação financeira e apresentar aos jovens as vantagens de investir
11 de fevereiro de 2025 em Edições Impressas, Entrevista

Se hoje o investimento em bolsa de valores ainda é pouco conhecido, tente imaginar como era há 20 anos, quando o mercado de ações brasileiro ainda não era tão desenvolvido. Mas foi exatamente nesse período que a Bolsa de Valores de São Paulo, B3, começou um trabalho de popularização do mercado de ações.

Logo a instituição percebeu que só falar sobre esse investimento não era suficiente. Foi necessário dar alguns passos para trás e promover, de maneira ampla, a educação financeira. Essa missão coube a Christianne Bariquelli, formada em publicidade e propaganda e atual superintendente de projetos educacionais da B3.

Ela conta que o desafio foi grande desde o início. “Naquele momento, as pessoas tinham a imagem da bolsa como algo que só era possível para quem tivesse muito dinheiro”, lembra.

A entrevista de Christianne ao TINO Econômico foi realizada por Gabriela R., de 14 anos, aluna do 9º ano da E. E. Prof. Josué Benedicto Mendes, de Osasco. Confira como foi a conversa.

Tem muitos jovens que investem na B3?

O número de pessoas mais jovens tem aumentado ao longo do tempo. O investimento em bolsa pressupõe ter organização financeira e uma renda, o que acaba concentrando a maior parte dos investidores numa faixa etária acima dos 35 anos. Mas quando se olha o movimento de pessoas físicas, principalmente de 2019 para cá, é possível notar que tem muito jovem entrando, mesmo que com um valor de investimento mais baixo. Em 2014, o valor do primeiro investimento das pessoas estava na média de 4 mil reais. Hoje, o primeiro investimento está abaixo dos 200 reais. De 2023 para 2024, o número de investidores de zero a 17 anos na B3 cresceu 8,97%, indo de 45.928 para 50.047. Esse número representa 0,95% dos 5,2 milhões de investidores.

Quais projetos a B3 desenvolve para disseminar o conhecimento financeiro?

No ano passado, trabalhamos com a Secretaria do Tesouro Nacional na Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira, que levou esse aprendizado às escolas, impactando muitos jovens. Aprender logo cedo a importância da educação financeira muda a forma como os jovens lidam com dinheiro. Quando eles estiverem ganhando a própria renda lá na frente, esse conhecimento fará diferença.

Qual o maior desafio para ensinar educação financeira ao público jovem?

Os jovens ainda não têm a própria renda para investir, mas, assim que ganham o primeiro salário, não querem economizar e investir pensando no longo prazo. No entanto, esse seria o momento perfeito para começar a poupar, porque eles não têm tanta despesa e podem guardar um pouco mais de dinheiro. Essa conversa é muito difícil para o jovem, porque ele está no período de aproveitar a vida, de querer viver novas experiências. Lógico que ele precisa curtir a vida. O dinheiro está aí para ser usado, não é só para ser guardado, mas, se começar a pensar em investir com 40 anos, vai ter que fazer um esforço muito maior do que se iniciar aos 20 e poucos.

Tem uma idade certa para começar a aprender?

Não, mas é preciso adequar a informação à idade da criança. Não dá para falar com uma criança de 2 anos sobre organização financeira, mas é possível fazer brincadeiras e apresentar alguns conceitos. Os meus filhos adoravam moedinhas, eles ganhavam e guardavam no cofrinho. No começo, não conseguiam entender quando eu sugeria que trocassem suas vinte moedas de um real por uma cédula de 20 reais. Mas usar esses momentos para falar sobre finanças com a criança é muito legal, porque ela vai criando uma compreensão que a ajuda a lidar com o dinheiro de modo mais natural.

Como as pessoas que não têm possibilidades podem começar?

Tem muita coisa que dá para fazer. Há muito conteúdo, muito conhecimento sendo produzido digitalmente. Ter interesse e consumir conteúdos que falam de organização financeira, sobre como ganhar mais e gastar menos, vai abrindo possibilidades, e é um primeiro passo que pode ser dado pelos jovens.

Que dicas você daria para os jovens não caírem em golpes na hora de investir?

A primeira dica é: esteja sempre em alerta e desconfie de ofertas com rendimentos muito acima da média. Hoje estamos com taxas de juros altas no Brasil, mas se alguém oferece ganhos muito acima disso, é para desconfiar — muito provavelmente é golpe. Por isso a educação financeira é tão importante. Além disso, tem que fazer investimentos com uma instituição autorizada pelo Banco Central e jamais transferir seu dinheiro para outra pessoa para que ela faça a aplicação.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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