Com a maior torcida do Brasil como potencial cliente, o Flamengo, em parceria com o Banco de Brasília, criou o banco digital Nação BRB Fla, que oferece cartões de crédito e débito, conta digital, seguros, empréstimos e investimentos. Um ano depois de ser estabelecida, em 2021, a instituição tinha 2,5 milhões de clientes, em 89% das cidades brasileiras. Em abril de 2024, alcançou 3,5 milhões de contas abertas.
O Palmeiras, aliado à Pefisa, fintech do Grupo Pernambucanas, Elo e Allianz Seguros, lançou o Palmeiras Pay, uma conta digital que oferece serviços financeiros aos torcedores. Desde o lançamento, em 2023, a entidade emitiu cerca 660 mil cartões de créditos e 15 mil apólices de seguro. Mais de 1,1 bilhão de reais foram movimentados no período, superando a expectativa do clube.
No início deste ano, o Esporte Clube Vitória lançou o Vitória Bank, em parceria com a fintech 2GO Bank. Trata-se de uma conta digital que oferece cartão, consórcios, financiamentos, seguros e empréstimos aos torcedores. A expectativa do clube é de que, até o fim de 2024, 200 mil contas sejam abertas.
Essas iniciativas, que nada têm a ver com o universo da bola, mostram que os serviços financeiros estão se consolidando como alternativa de receita dos clubes para além da venda de ingressos. “O torcedor quer mostrar que faz parte da torcida e sentir o pertencimento. Para isso, compra os produtos e serviços do clube”, afirma Fernando Ferreira, economista e fundador da Pluri Sports Capital.
Mudança de mercado
A aproximação entre times de futebol e serviços financeiros começou nos anos 1990, quando alguns clubes fizeram ações promocionais com bancos para que os torcedores tivessem cartões com escudos do time. A estratégia, no entanto, não foi adiante.
Até meados de 2013, a atividade econômica dos clubes, até então concentrada na venda de patrocínios e ingressos, além de licenciamentos, expandiu-se. Foi quando começaram a surgir os programas de fidelidade, que oferecem benefícios aos torcedores — agora promovidos a sócio-torcedores — em troca de contribuições mensais.
Mas esse movimento ganhou mais força a partir de 2021, quando uma lei possibilitou que os clubes, antes registrados como entidades sem fins lucrativos, se tornassem empresas. Com isso, passaram a vender novos produtos e serviços. “Eles perceberam que é preciso estar onde está o dinheiro. No orçamento das pessoas não há uma parte reservada para compra de chaveiros, por exemplo. As pessoas gastam dinheiro com seguro, cartão… São gastos recorrentes”, diz Ferreira. “Serviço financeiro é um negócio muito poderoso: movimenta altas quantias e ainda coloca o clube no dia a dia das pessoas.”
É só o começo
Segundo o especialista, ainda há muito espaço para esse mercado crescer. Atualmente, o serviço de licenciamento de marca, responsável por novos produtos, inclusive financeiros, representa menos de 2% do faturamento dos times. “No exterior, esse número chega a 7%, o que mostra como o mercado brasileiro ainda pode crescer para além dos campos.”
Fontes: Globo Esporte e Folha de S.Paulo.