O presidente do Banco Central do Brasil (BC), Roberto Campos Neto, participou no dia 30 de agosto de um dos painéis de debate da Expert XP, evento de investimentos financeiros da XP.
Depois do anúncio feito esta semana de que Gabriel Galípolo será o próximo presidente do BC, Campos Neto vive seus últimos meses à frente da autoridade monetária.
Perguntado sobre este momento, Campos Neto disse que liderar o BC foi o melhor momento de sua carreira. E destacou o processo de transição que vem sendo realizado desde já. “As instituições valem mais do que as pessoas. Um país é tão grande quanto a força das instituições que possui”, destacou.
Comentando sobre a situação econômica no Brasil e no exterior, Campos Neto disse que a sintonia entre política monetária dos países, vista durante a pandemia, não é mais uma realidade, porque o cenário está muito diferente.
Atento à desaceleração da economia dos Estados Unidos, ele confirmou que o mercado espera um corte dos juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central norte-americano, no mês de setembro.
Um ponto de atenção, afirmou, é o processo eleitoral dos EUA, que será fundamental para nortear temas importantes como política econômica, imigração e protecionismo.
Falando sobre a China, Campos Neto frisou que o crescimento da nação vem mudando de um modelo de consumo interno para um modelo focado em exportação, muito baseado em eletrificação.
A situação gera incertezas em consequência das políticas protecionistas que vêm sendo adotadas nos países do Ocidente. Campos Neto lembrou da decisão recente do Canadá de estabelecer uma tarifa de 100% sobre a importação de carros elétricos chineses, medida que já foi adotada pelos Estados Unidos, em junho.
Sobre o Brasil, Campos Neto afirmou que a inflação ainda requer atenção, em virtude da resiliência dos preços de serviços. Sobre a taxa de juros, o presidente do BC disse que, se houver ajuste de juros, o movimento será gradual. Em relação ao câmbio, atestou que o Banco Central tem reserva suficiente para fazer uma intervenção. “Se for preciso mais intervenção, assim faremos”, concluiu.