Em 31 de julho, o Ministério da Fazenda divulgou uma portaria autorizando o funcionamento de jogos de aposta on-line no Brasil a partir de 2025. Com a decisão, deixam de ser proibidos jogos como Fortune Tiger, o Tigrinho, cartas, roleta e aviãozinho, que eram ilegais. A liberação é exclusiva para as modalidades on-line. A oferta de apostas desse gênero em formato físico segue proibida.
A decisão, no entanto, preocupa especialistas. “Estão pensando mais na questão financeira do que na saúde”, afirma Carla Bicca, psiquiatra especialista em dependência e coordenadora da Comissão da Psiquiatria das Adicções, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Segundo a médica, o número de jovens com dependência em jogos de azar vem aumentando muito. Adolescentes entre 14 e 16 anos chegam ao consultório pedindo ajuda para se livrar do vício. O crescimento das ocorrências coincide com a popularização do Tigrinho.
Esse jogo é um caça-níquel on-line, no qual o jogador paga (aposta) para acionar uma alavanca que gira três colunas com diferentes figuras. Se, ao parar, elas mostrarem a mesma figura, ele ganha um prêmio em dinheiro, de acordo com os criadores.
Pelas novas regras, as plataformas deverão pagar ao menos 85% do que arrecadam em prêmios. Por exemplo, se a operadora acumular 100 mil reais, terá que distribuir, no mínimo, 85 mil. Além disso, não poderão fazer promessas como “pagamento triplo em breve” nem permitir que o jogador fique com o saldo negativo. “O apostador sempre acha que vai ganhar na próxima vez e continua jogando”, explica Carla.
Mesmo com as novas regras, o risco de se dar mal é grande. A tecnologia ajuda os cassinos on-line a fisgar jogadores. Reconhecendo perfis de potenciais usuários e invadindo suas redes sociais. “O fácil acesso torna mais difícil se livrar do vício”, diz a médica.
Outra isca são os influenciadores, pagos para fazer vídeos nos quais mostram o jogo como uma brincadeira ou simulam grandes ganhos e ostentam uma vida de luxo. Segundo o Instituto Alana, menores de 6 a 17 anos são contratados para divulgar o jogo do Tigrinho, o que é ilegal.
Fontes: G1, UOL e Nexo.