Como vai a educação financeira dos jovens? Para responder essa pergunta, a Organização Para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) avalia a alfabetização financeira de adolescentes de 15 anos desde 2012. Os resultados da mais recente pesquisa colocam o Brasil na terceira pior colocação do ranking, à frente apenas de Arábia Saudita e Malásia.
Nossos jovens atingiram o índice de 416, sendo que 45,1% dos avaliados tiveram baixo desempenho e 2% ficaram entre o grupo de alta performance.
Enquanto os mais bem avaliados se mostram capazes de analisar produtos financeiros complexos e resolver problemas financeiros não rotineiros, os alunos do nível 1 ou abaixo, no melhor dos casos, conseguem reconhecer a diferença entre necessidades e desejos, tomar decisões simples sobre gastos cotidianos e determinar a finalidade de documentos financeiros do dia a dia, como um boleto.
Considerando o desempenho por gênero, no Brasil, as meninas se saíram ligeiramente melhor, com um índice de 418, contra 413 dos meninos — diferentemente do resultado geral, no qual eles se saíram melhor. Levando em conta as vantagens socioeconômicas, a distinção entre os mais e os menos favorecidos foi de 86 pontos.
O que é o Pisa
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) é um dos principais exames educacionais do mundo. Realizado a cada três anos, pela OCDE, ele mede a capacidade dos jovens de 15 anos de usar seus conhecimentos e habilidades em leitura, matemática e ciências para enfrentar desafios da vida real.
A prova mais recente foi aplicada em 2022, mas um dos recortes do exame, que leva em conta a alfabetização financeira, foi divulgado somente hoje.
Essa avaliação do letramento financeiro começou a ser realizada em 2012, considerando a importância que esse conhecimento tem para a vida das pessoas. O que se espera é que quanto mais conhecimento financeiro os jovens tiverem, mais preparados eles estarão para enfrentar a complexidade do mercado financeiro na vida adulta.
Quem foi avaliado
Participaram da avaliação alunos de 15 anos, de 14 países e economias que compõem a OCDE: Áustria, a comunidade flamenga da Bélgica (uma região mais ao norte do país, que fala neerlandês e também pode ser chamada de Flandres), oito das dez províncias canadenses (Alberta, Columbia Britânica, Manitoba, New Brunswick, Terra Nova e Labrador, Nova Escócia, Ontário e Prince Edward Island), Costa Rica, República Checa, Dinamarca, Hungria, Itália, Países Baixos, Noruega, Polônia, Portugal, Espanha e Estados Unidos. Além destes, seis nações parceiras da organização foram avaliadas: Brasil, Bulgária, Malásia, Peru, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
Ficaram acima da média os alunos da comunidade flamenga da Bélgica, com índice de 527; da Dinamarca, com 521; das províncias do Canadá, com 519; dos Países Baixos, com 517; da República Checa, com 507; da Áustria, com 506; e da Polônia, também com 506. Já abaixo da média ficaram estudantes da Noruega (489), da Espanha (486), da Itália (484), dos Emirados Árabes Unidos (441), da Bulgária (426), do Peru (421), da Costa Rica (418), do Brasil (416), da Arábia Saudita (412) e da Malásia (406).
Apenas 11% do total de alunos ficou no nível mais alto de proficiência: 5. E, em média, 18% dos jovens tiveram desempenho de nível 1 ou abaixo.
Confira o ranking completo:
País | Índice médio obtido no Pisa | Diferença considerando a desigualdade social |
Comunidade Flamenga da Bélgica | 527 | 87 |
Dinamarca | 521 | 104 |
8 das 10 províncias do Canadá | 519 | 71 |
Países Baixos | 517 | 68 |
República Checa | 507 | 97 |
Áustria | 506 | 103 |
Polônia | 506 | 100 |
Estados Unidos | 505 | 92 |
Portugal | 494 | 92 |
Hungria | 492 | 74 |
Noruega | 489 | 110 |
Espanha | 486 | 73 |
Itália | 484 | 68 |
Emirados Árabes Unidos | 441 | 85 |
Bulgária | 426 | 116 |
Peru | 421 | 105 |
Costa Rica | 418 | m |
Brasil | 416 | 86 |
Arábia Saudita | 412 | 86 |
Malásia | 406 | 59 |
Média geral | 498 | 90 |
A educação financeira nas escolas
Considerando toda a base avaliada, mais de dois em cada três alunos relataram que aprenderam sobre salário, orçamento ou empréstimo bancário na escola nos 12 meses anteriores ao questionário e ainda sabiam o que esses termos significavam. Apenas um em cada quatro relatou que aprendeu sobre juros compostos no colégio e ainda sabe o que isso significa.
Os estudantes que relataram que aprenderam e ainda sabem sobre esses termos relacionados a finanças superaram aqueles que afirmaram não ter aprendido. Eles declararam ter sido expostos a tarefas referentes a finanças pessoais na escola principalmente em aulas de matemática, além de ciências sociais, cidadania, economia e negócios.
Conta em banco? Eles têm
O relatório também mostra que muitos jovens já são bancarizados. Dos avaliados, 63% têm conta em banco e 62%, cartão de débito. Além disso, 86% fizeram compras on-line nos 12 meses anteriores à pesquisa (sozinhos ou com um membro da família) e 66% executaram um pagamento usando o celular.