Como assim juro negativo?

O Japão aumenta a taxa de juros para 0,1%, encerrando um ciclo de oito anos de índice abaixo de zero
9 de abril de 2024 em Edições Impressas, Internacional

Até meados de março, o investidor que comprasse um título do Banco do Japão (BoJ) não receberia nenhuma remuneração após um ano. Pelo contrário, teria de pagar o equivalente a 0,1% do valor investido para a instituição financeira. Isso acontecia porque a taxa básica de juros do país era negativa, de -0,1%. Mas em 19 de março, a autoridade monetária aumentou a taxa para o intervalo de 0% e 0,1%, encerrando o ciclo de juros negativos que vinha desde 2016.

O Japão não foi o único a usar essa estratégia na política monetária. Outros países, como Espanha, Dinamarca, Suíça e Suécia, lançaram mão dessa tática para estimular a economia.

Como o juro negativo ajuda a economia?

O juro negativo é um artifício utilizado por alguns bancos centrais com o intuito de incentivar o consumo. O raciocínio por trás da medida é que, como as aplicações financeiras em títulos públicos não darão lucro, o investidor terá mais vantagem se fizer o dinheiro circular em vez de guardar.

Por que o juro negativo estimula a economia

O cenário global

O país asiático, que hoje é a quarta economia global, tomou a decisão de aumentar os juros para acompanhar um movimento que vem acontecendo em todo o mundo desde o impacto da pandemia de covid-19.

Durante o período de pandemia, governos de todos os países injetaram grande volume de dinheiro na economia em forma de empréstimos e subsídios para empresas e pessoas físicas. Com mais dinheiro circulando, os preços foram subindo, gerando inflação em praticamente todo o globo.

A pressão sobre os preços se acirrou ainda mais com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou o abastecimento de gás e grãos, como trigo. Para segurar a inflação, a maior parte das nações aumentou os juros.

O Japão foi o último a aderir a esse movimento. A principal motivação foi o registro de elevação de preços nos últimos meses e o fechamento de um acordo com empresas para aumentar os salários em aproximadamente 5% ao longo do ano.

Segundo a autoridade monetária japonesa, o aumento dos preços continuará sendo acompanhado e, se houver necessidade, novas mudanças serão feitas para garantir o estímulo ao crescimento da economia.

Fonte: The New York Times.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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