Para a geração Z, a vida é (só) agora

Estudos mostram que boa parte dos jovens prefere a satisfação imediata às conquistas no longo prazo
12 de março de 2024 em Edições Impressas, Internacional
Getty Images

Carro, casa própria, apartamento na praia… Sonhos como esses ainda fazem brilhar os olhos dos jovens da geração Z (nascidos entre 1997 e 2010), mas realizá-los pode parecer tão inalcançável, que boa parte escolhe esquecê-los — e se contentar com um tênis da marca preferida, uma bolsa ou o celular do momento.

Para uma parcela significativa dessa faixa etária, seja para compensar uma chateação, seja para comprar um produto que seu influenciador preferido indicou, seja pela sensação de que um boleto a mais para pagar não fará diferença, o ato do consumo é uma prioridade e sinônimo de satisfação imediata.

É o que mostra uma pesquisa recente, feita com mais de mil jovens da geração Z nos Estados Unidos. No país, cerca de 96% estão preocupados com a economia e seu impacto no mercado de trabalho e na geração de renda. Essa preocupação gera ansiedade e estresse sobre as próprias finanças. Como forma de compensação, 35% dos entrevistados dizem gastar demais para encontrar alívio diante dessa angústia e 30% temem não ter dinheiro para custear o que os torna felizes.

“A nossa tendência é afastar o que traz desconforto. Para isso, buscamos suprir essa chateação no curto prazo, no imediato, mesmo que isso nos custe no futuro”, afirma Ana Leoni, sócia e cofundadora da BEM Educação e criadora do projeto Dinheiro Com Atitude.

Muitos dos entrevistados acreditam que seu futuro financeiro já está condenado, não importa o que aconteça. Para eles, diante do aumento do custo de vida e do desemprego, não há como mudar a realidade. Portanto, adquirir mais uma dívida não terá tanto impacto nas finanças.

No Brasil também

Por aqui, as perspectivas dessa faixa etária oscilam conforme a idade e o poder aquisitivo de cada jovem, mas em qualquer cenário, segundo Ana, a tendência de priorizar o “agora” é uma realidade. “O que temos em comum é a pressão do entorno, principalmente entre os mais jovens. O consumo é um meio de união, identificação e pertencimento. Por isso é tão importante ‘ter’ e ‘consumir’”, afirma.

Segundo o relatório “Mensuração do letramento e da inclusão financeira”, divulgado pelo Banco Central do Brasil (BCB), algo em torno de 32,9% dos brasileiros entre 16 e 24 anos dizem que se sentem mais satisfeitos em gastar o dinheiro do que guardá-lo a longo prazo.

O receio econômico também aparece no levantamento: mais de 28,3% dos jovens se preocupam com a duração do próprio dinheiro e cerca de 38,5% acreditam que, em consequência de sua situação financeira, não terão o que desejam na vida.

“Ter uma casa própria ou começar uma família está tão fora de alcance que estamos usando a quantia em tudo que nos trará a aparência da vida adulta que nos foi prometida”, diz Maria Melchor, criadora de conteúdo para a geração Z, em um vídeo no TikTok.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA
A educação financeira é boa parte da dose de paciência que falta para essa geração. “Sabemos que fumar faz mal, mas todo dia temos novos fumantes. O conhecimento é importante para que as pessoas tenham consciência de que tudo depende de suas escolhas”, afirma Ana.

Além de conhecimento, a educação financeira colabora para desenvolver comportamentos e habilidades como autocontrole, autoconhecimento e autorresponsabilidade, que ajudam os jovens a compreender que suas decisões moldam o futuro.

Fontes: Banco Central do Brasil, The Hustle, Credit Karma e Bloomberg.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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