Eduardo Feldberg sempre quis ser um youtuber de sucesso, mas acreditava que a realização do sonho viria por meio da música, que é sua área de formação. Mal sabia que um vídeo despretensioso, no qual ele explicava como usar a amortização para pagar um financiamento de 30 anos em apenas cinco, viralizaria e faria o número de inscritos no seu canal saltar de 30 para 230 mil.
A pedido dos seguidores, ele continuou publicando dicas de como lidar com dinheiro, focando em quem tem menos condições financeiras. Foi assim que ganhou o apelido de Primo Pobre, em comparação com Thiago Nigro, dono do canal Primo Rico.
Eduardo abraçou o título e o utilizou para batizar seu canal, que já soma quase 2 milhões de inscritos.
Nesta entrevista, Eduardo conversou com João A., de 16 anos, aluno da Etec Getúlio Vargas, sobre sua trajetória, além de dar conselhos para jovens que desejam enriquecer.
Como começou seu interesse por educação financeira?
Eu nunca quis falar sobre educação financeira, porque não era especialista, não tinha formação em economia e nunca tinha estudado sobre investimentos. O que eu falava no meu canal era sobre temas que aprendi com a vida, como não viver para tentar impressionar os outros e juntar uma graninha pensando no amanhã. Eu colocava meu dinheiro na poupança, que é o pior investimento em termos de rendimento. Depois do sucesso do vídeo sobre amortização, o público começou a pedir mais conteúdo, então fui estudar sobre investimentos — e amei. Agora eu ensino as pessoas sobre isso.
Por muito tempo eu falei sobre mentalidade, porque tem muita gente que está na pobreza, tem um salário péssimo, está desempregado ou perdeu tudo na pandemia. Mas a maioria das pessoas que segue meu canal admite que esteve em situações difíceis por tomar decisões erradas sobre o dinheiro. Quem vive querendo parecer playboy vai continuar todo lascado na pobreza.
Você é autodidata em muitos ofícios?
Sim. Aprendi muito no YouTube, como editar vídeos e fazer sites em várias plataformas. Eu ganhava mais fazendo sites do que com meu emprego fixo, graças ao que aprendi vendo vídeos na internet.
Qual foi a parte mais difícil para se tornar influencer?
Foi conciliar o meu trabalho fixo com o canal. Eu trabalhava como auxiliar administrativo em uma escola durante o dia e, à noite, buscava renda extra dando aula particular de música, fazendo site, tocando em uma banda de casamento e produzindo e editando os vídeos do meu canal. O mais difícil foi dar conta de tudo isso, em 2021, porque eu não podia pedir demissão do meu trabalho sem nenhuma segurança de que o crescimento do canal seria mantido.
Agora eu não preciso mais trabalhar com carteira assinada, dar aula de música e ter a banda de casamento, porque por um ano eu ralei muito para hoje ter o emprego dos sonhos.
Hoje você se considera rico?
Se você ganha mais de três mil e poucos reais, você já está num nível que a maioria dos brasileiros não está. Eu já ganho mais do que isso, então tenho uma vida muito boa. Tem muita gente que me critica dizendo que sou uma farsa, porque o canal chama Primo Pobre, mas não sou pobre. Em nenhum momento eu falei que eu estou pobre, inclusive tem vídeo lá no meu canal no qual eu falo quanto ganho. Eu sou o Primo Pobre porque eu falo para pobre. Não quero fazer com que o milionário se torne bilionário, eu quero ensinar quem está lascado a ter uma vida melhor. Quero falar sobre a importância de não ostentar — a ostentação é uma das coisas que mais aprisiona o pobre na pobreza.
No começo da minha adolescência, eu tinha essa mentalidade de ter as coisas mais caras para impressionar o pessoal da escola. Mas, a partir dos 15 anos, eu percebi que estava vivendo para impressionar os outros em vez de buscar mais qualidade de vida. Quando virou essa chave, comecei a evoluir e comecei a conseguir juntar dinheiro.
Você acha que existe idade certa para começar a investir?
A partir dos 10 anos, já é bom estudar. É possível saber sobre finanças lendo, ouvindo podcasts, assistindo a vídeos ou acompanhando publicações como o próprio jornal TINO Econômico. Dá para começar a aprender sobre finanças ainda criança, desde que os conteúdos sejam acessíveis para essa faixa etária.
O que te inspirou a escrever Deixe de Ser Pobre!?
O livro foi uma realização pessoal. Escrevi em dois meses. Fiz com o propósito de ser um livro simples para pessoas simples, que não têm educação financeira e nunca aprenderam sobre isso.
Desde o lançamento, em agosto de 2023, ele continua na lista dos mais vendidos da Amazon e já ficou entre os três mais vendidos do Brasil por uma semana. Espero que este ano venda ainda mais.
E qual dica você dá para o jovem que quer juntar dinheiro?
É preciso estudar sobre educação financeira e aproveitar que não tem muita despesa para fazer seu pé-de-meia. Não estou dizendo para não curtir a vida, mas, poupando um pouquinho todo mês, é possível juntar uma boa grana antes dos 30.
