Nos últimos dez anos, o preço da energia elétrica subiu 9% no país. Mas os encargos relacionados a ela, que vão desde fios para projetos de energia renovável até ajuda às distribuidoras durante a pandemia de covid-19, aumentaram 326,5%, chegando a 139 bilhões de reais. Os dados são do Fórum das Associações do Setor Elétrico (Fase), que divulgou um diagnóstico do setor elétrico brasileiro.
Na prática, esse aumento resultou em uma conta 35% mais cara para os brasileiros no período. Hoje, o impacto anual desse pagamento na renda da população chega, em média, a 4,54%. O Brasil é o país em que a conta de luz tem maior peso no bolso da população.
Com os valores maiores, alguns cidadãos optaram pela migração para o mercado livre de energia, ambiente em que vendedores e grandes empresas podem negociar energia elétrica entre si, de acordo com a regulamentação do setor. A prática é regulada apenas para empresas.
Segundo Mario Menel, presidente do Fase, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, quanto mais pessoas migram para fora do ambiente regulado, mais caro ele fica para quem permanece, criando uma espiral negativa para todos.
Uma das grandes preocupações apontadas pelo diagnóstico é sobre o destino da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que concentra a maior parte dos encargos, e o impacto que esses custos têm no chamado mercado regulado, em que estão 90% dos consumidores.
A estimativa é de que o custo da CDE chegue a 37 bilhões de reais neste ano:
– O mais caro deles vem de combustível fóssil para térmicas em áreas isoladas, a maioria na Amazônia Legal;
– O segundo é o desconto na conexão dos projetos de energia renovável;
– E, por fim, a tarifa social, iniciativa que permite que consumidores de baixa renda paguem menos pela eletricidade, que é o que mais pesa na conta de luz.
Para os especialistas que produziram o estudo é necessário desenvolver um mecanismo para reduzir os encargos, caso contrário o setor elétrico pode ir a falência.
Fonte: Folha de S.Paulo.