Pagar o mínimo? Nem pensar

Quando se trata da fatura de cartão de crédito, a regra é: pague sempre o valor total
5 de setembro de 2023 em Edições Impressas, Nacional

Um jovem de 19 anos recebeu uma oferta de cartão de crédito do banco e decidiu aceitar. Fez compras ao longo do mês e se surpreendeu quando recebeu a fatura. Apesar de ter gastado além do que imaginava, viu que o banco oferecia a possibilidade de fazer apenas um pagamento mínimo, de 15% do valor total dos gastos. Não teve dúvida: escolheu essa opção. Desavisado, imaginou que aquele era um “presente” do banco e continuou fazendo compras com o cartão durante o mês seguinte. O choque veio quando chegou a segunda fatura: não só as novas compras estavam ali, como também o acréscimo de juros sobre a dívida não paga no mês anterior. Sem ele conseguir quitar o valor total, sua dívida foi aumentando com juros sobre juros, até que se tornou impagável.

Essa história é fictícia, mas certamente já aconteceu com muitos brasileiros. Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o cartão de crédito é responsável por 31% das contas em atraso, que levaram os consumidores a ficar com o nome sujo. Isso porque os juros cobrados pelos bancos nas faturas são muito altos — chegaram a 445% ao ano no mês de julho, segundo o Banco Central do Brasil (BC).

Para tentar diminuir o nível de endividamento, governo, BC, varejistas e instituições financeiras têm discutido mudanças nas regras de uso do cartão.

Roberto Campos Neto, presidente do BC, vem afirmando que a solução passa por acabar com o crédito rotativo, que é quando o cliente não paga a fatura completa, rola essa dívida para o mês seguinte e o banco cobra juros altos sobre ela.

Pelos dados do BC, o número de cartões em circulação dobrou nos últimos 4 anos. Passou de 99 milhões, em dezembro de 2018, para 209 milhões em 2022. O acesso rápido somado à falta de educação financeira torna o cenário ainda mais crítico para os níveis de inadimplência.

Em busca de uma solução, a Câmara dos Deputados aprovou um Projeto de Lei no dia 5 de setembro com regras para o programa Desenrola Brasil, prevê um limite para os juros do rotativo do cartão de crédito. A proposta pede que instituições financeiras apresentem uma proposta para diminuiçao dessa taxa em 90 dias. Caso isso não seja feito, ficará estabelecido que a cobrança de juros não poderá exceder o equivalente a 100% do montante original da dívida do cliente. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), por sua vez, critica a criação desse limite dos juros, alegando que isso reduziria a oferta de crédito no país.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), 78% das famílias brasileiras tinham alguma dívida até maio deste ano. O juro que incide sobre os valores não pagos pode multiplicar a dívida cinco vezes em apenas um ano. Confira na simulação.

Fontes: Serasa, CNDL, Folha de S.Paulo e O Globo.

OPÇÃO 1

USO DO ROTATIVO

Existe a possibilidade é fazer o pagamento mínimo de 134,83 reais, utilizando o crédito rotativo. Neste caso, considerando um juro de 14% ao mês, a dívida será de 1.031 reais no mês seguinte e, ao fim de um ano, chegará a 4.670 reais*. Confira na tabela abaixo.

*CÁLCULO FEITO COM SIMULADOR NO SITE ROCK.COM.BR/SIMULADORES/
CRÉDITO ROTATIVO/

OPÇÃO 2

PARCELAMENTO EM PARCELAS FIXAS

Aqui, o dono do cartão opta por pagar o valor total de 898,85 reais em parcelas fixas. Seriam 23 prestações de 99,14 reais, o que equivaleria a um valor final de 2.280,22 reais, mais que o dobro do que o total gasto.

23 x 99,14 = 2.280,22

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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