A quebra recente de alguns bancos nos Estados Unidos, como o Silicon Valley Bank (SVB), e a crise do Credit Suisse, uma das mais admiradas instituições financeiras do mundo, causaram alvoroço nas redes sociais, fazendo pessoas sacarem seu dinheiro diante do medo de uma quebradeira geral.
Fato é que o sistema financeiro é um setor que depende da confiança dos usuários, uma vez que sempre envolve determinado grau de risco. Isso porque nenhuma instituição tem disponível todo o dinheiro que é depositado pelos clientes, que são as pessoas que têm conta-corrente ou alguma aplicação financeira.
Parte dos valores depositados fica instituição e outra parte é repassada a empresas e pessoas como empréstimos e financiamentos. Esses valores retidos nos bancos precisam ser calculados com cuidado, para atender toda a demanda dos clientes em caso de crise.
Se é assim, é confiável deixar o dinheiro guardado em uma instituição financeira? Para oferecer o máximo de segurança, o sistema financeiro criou mecanismos de proteção para os depósitos bancários.
No infográfico, apresentamos em linhas gerais como funciona o fluxo nos bancos.
1. Pessoas e empresas depositam dinheiro no banco em contas- correntes ou aplicações financeiras, como a poupança. Cada investimento terá um retorno que dependerá, entre outros fatores, do tempo de aplicação, das taxas e da incidência de impostos.
2. Somente uma pequena parte do dinheiro fica no banco. A maior parte é repassada a pessoas e empresas, que fazem empréstimos e financiamentos.
3. Quem recebe o dinheiro emprestado devolve o valor acrescido de juro, que podem variar de acordo com diversos aspectos, como perfil do pagador, tempo de pagamento, taxas e garantias oferecidas
Exemplo: para calcular o valor dos juros totais de um empréstimo, multiplica-se o valor de cada parcela pelo número de prestações. Numa simulação feita na Calculadora do Cidadão, do Banco Central, ao pedir um empréstimo de 3 mil reais para pagamento em 24 parcelas, com um juro de 5,91% ao mês, o valor da parcela é de 237,05 reais. Multiplicando 237,05 reais por 24 parcelas, chegamos ao valor de 5.689,20 reais. Este é o total a ser pago ao banco.
4. O juro que o banco cobra quando empresta dinheiro a alguém é sempre maior do que o juro com que remunera quem aplicou dinheiro na instituição. Essa diferença é chamada de spread bancário. É nessa movimentação que os bancos garantem sua saúde financeira.
5. Embora os bancos funcionem como intermediários entre os clientes que depositam dinheiro e aqueles que pedem emprestado, nenhuma instituição tem todo o dinheiro dos correntistas disponível. Se os clientes quiserem sacar o valor guardado no mesmo momento, não haverá recursos, o que pode quebrar a instituição.
6. Para proteger os clientes, o sistema bancário tem alguns mecanismos de segurança estabelecidos por autoridades regulatórias para evitar crises.
– Controle sobre os valores movimentados para que o fluxo financeiro seja positivo, isto é, para que os valores emprestados sejam menores do que os captados.
– Uma parte dos depósitos dos clientes é obrigatoriamente retida no banco para garantir liquidez, ou seja, para que os recursos estejam sempre à disposição dos que desejam sacar.
– Exigência de ter parte dos recursos investida em aplicações consideradas mais seguras.
7. Além dos mecanismos internos, há outros, externos, para proteger os bancos. É o caso do fundo garantidor de crédito (FGC). Os bancos depositam uma parcela dos valores que têm em seu poder nesse fundo. Caso haja alguma quebra, o FGC funciona como um seguro para socorrer a instituição. Dependendo das aplicações financeiras que possui, o cliente tem assegurada a devolução de até 250 mil reais. As regras de proteção são essenciais para ampliar a segurança do sistema financeiro, uma vez que ele depende de credibilidade. A quebra de um banco pode causar perda de renda e empregos, além de desestabilizar a economia, portanto é imprescindível que haja garantias de que o dinheiro dos poupadores está seguro.