Jovens brasileiros com idade entre 18 e 24 anos poderiam ser considerados apenas da geração Z (nascidos entre 1997 e 2010), mas um hábito comum dessa parcela da população a classifica também em outra geração, a do “nem-nem”, que engloba os jovens que não trabalham nem estudam atualmente.
Segundo estudo realizado pela Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com 45 países, 35,9% dos brasileiros nessa faixa etária são “nem-nem”. O país está atrás apenas da África do Sul, que supera os 46%.
O termo não é novo, já que outras gerações tiveram seus jovens “nem-nem”. Em 2012, ano do primeiro estudo, o Brasil alcançou 21,1%. De lá para cá, o número sofreu variações anuais. De 2019 para 2020, foi de 23,7% para 25,5%. Em 2022, porém, a quantidade bateu recorde.
Segundo o relatório detalhado “Education at a glance” (“Olhar sobre a educação”, em tradução livre), divulgado pela OCDE, no fim de 2022, e análise de pesquisadores do Ipea, esse cenário possui um recorte social relevante. Dentre os brasileiros “nem-nem”, 70% são negros, 63%, mulheres, e 45% estão entre os mais pobres do país.
“Esse crescimento se deu por diversas problemáticas, inclusive pelo fechamento das escolas e universidades durante o início da pandemia de covid-19. Com a desaceleração da economia, as demissões também afetaram essa faixa de profissionais mais jovens”, disse Claudia Costin, professora do Centro de Políticas Educacionais, da Fundação Getulio Vargas, à Agência Brasil.
O relatório mostra que pais e mães compõem grande parte da porcentagem, cerca de 49%. Com a função de cuidar das crianças pequenas, eles encontram dificuldade de tempo e oportunidade para um ofício ou estudo fora de casa.
Segundo especialistas, esses dados mostram a urgência de políticas que incentivem os jovens a seguir os estudos e os direcionem em busca de novas chances no mercado de trabalho, ampliando o crescimento do país e o bem-estar pessoal e familiar com um ganho de conhecimento e renda.
