Emprestou? Tem que pagar

Se não pagar, a dívida só vai aumentar (e muito). Entenda as diferentes modalidades de empréstimo para não cair em uma cilada
7 de fevereiro de 2023 em Edições Impressas, Mercado
Foto: Getty Images

Quem nunca pediu algo emprestado na vida? Uma borracha na sala de aula ou um brinquedo de um amigo? Esse é o conceito do empréstimo: pegar algo por determinado tempo e depois devolvê-lo — no caso financeiro, com juros. O banco empresta um valor em dinheiro a quem o solicitou.

Essa quantia será somada aos juros e deverá ser paga no tempo acordado entre cliente e instituição financeira. “Quando você quita uma parcela do empréstimo, está pagando uma parte do valor que solicitou mais uma taxa de juro referente ao dinheiro que o banco concedeu. É como se fosse um aluguel por usar esse dinheiro”, diz Thiago Godoy, educador financeiro da Rico.

VILÃO OU MOCINHO?

Pedir um empréstimo é um bom negócio? A resposta vai depender do destino que terá o dinheiro e das regras estabelecidas no contrato. Dispor de um crédito porque você deseja comprar um bem e parcelar mesmo sem ter renda ou planejamento de como pagar é uma má escolha. Contudo, se a aquisição for para financiar um sonho de vida, que será importante profissionalmente, como custear um curso que tem potencial de retorno, vale a pena. O mesmo vale para casos urgentes, como quando a geladeira quebra e não há dinheiro para adquirir uma nova. Em situações assim, não tem outra opção a não ser pegar empréstimo. “Não se deve condenar ou enaltecer essa ferramenta. Se utilizada para a finalidade certa, ela pode facilitar a vida”, diz Godoy.

Por isso, antes de pegar um empréstimo, é preciso se questionar sobre sua situação financeira: para que vou fazer um empréstimo? Qual a taxa de juro? Agora é o melhor momento? “Quanto mais fácil, rápido e acessível, mais caro”, alerta Godoy. Isso acontece porque o banco precisa confiar que terá o dinheiro de volta. Quanto maior a segurança, mais barato será o crédito.

CARTÃO DE CRÉDITO

Modalidade mais fácil e rápida do mercado e, por isso, a mais cara. A taxa de juro pode chegar a 400% ao ano, segundo o Banco Central. Após uma consulta breve sobre o perfil do cliente, o banco aprova um limite para que o cartão seja usado nas compras. Mas atenção: o cartão deve ser utilizado com a certeza de que haverá dinheiro para quitar o valor completo das aquisições na data de vencimento da fatura. Caso contrário, o juro cobrado pelo pagamento em atraso é abusivo, o que torna a quitação ainda mais difícil (leia mais sobre cartão de crédito na reportagem da página 3).

CHEQUE ESPECIAL

Os bancos oferecem aos clientes um limite de crédito que pode ser usado quando não houver saldo na conta-corrente. Porém a facilidade tem seu preço, e é bem alto. A taxa de juro desta modalidade de empréstimo costuma variar entre um banco e outro, mas tem um percentual médio de 130% ao ano, segundo o Banco Central. Assim, essa ferramenta não deve ser encarada como fonte de crédito recorrente. Só utilize se for para uma emergência e se estiver seguro de que em poucos dias poderá tirar a conta do vermelho.

CRÉDITO ESTUDANTIL

Para obter o crédito estudantil é preciso comprovar que não há condições de pagamento de uma graduação ou pós-graduação. A taxa de juro é baixa, se comparada às outras modalidades, e o pagamento começa apenas após a conclusão da formação. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é um dos exemplos de crédito estudantil financiado pela Caixa Econômica Federal, sob taxa de juro de até 3,4% ao ano.

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO

Nesta modalidade o banco empresta o dinheiro e o valor é descontado todo mês diretamente da folha de pagamento do cliente. Esta opção está disponível para trabalhadores formais (com carteira assinada), aposentados e pensionistas. Com essa segurança, a taxa chega a 2,6% ao mês.

EMPRÉSTIMO PESSOAL

Realizada diretamente entre o banco e o cliente, esta modalidade apresenta taxa de juro menor do que a do cartão e do cheque especial. Para conceder o empréstimo, o banco faz uma análise do perfil do cliente. O valor e a taxa de juro oferecidos são definidos a partir dessa avaliação.

EMPRÉSTIMO POR GARANTIA

Este é um dos empréstimos com menor taxa de juro. O banco acredita que o valor emprestado será pago, uma vez que tem um bem do cliente como garantia. Para solicitar este empréstimo, é preciso oferecer ao banco joias, um veículo ou imóvel. Neste caso, o bem continua com o dono e só é tomado pelo banco se o cliente se tornar inadimplente, ou seja, não quitar as parcelas do empréstimo.

FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO

Este é um dos meios mais utilizados para a conquista da casa própria no Brasil. Nesta modalidade, o banco empresta o dinheiro para o cliente comprar o imóvel. O pagamento do empréstimo é feito a longo prazo, podendo chegar a 20 anos. As parcelas são compostas pelo valor do imóvel mais o juro, que pode deixar o bem até três vezes mais caro do que a quantia inicial. Para tentar reduzi-lo, é possível antecipar o pagamento das parcelas, diminuindo a duração da dívida e o juro.

PERGUNTA PARA O ESPECIALISTA

Qual a diferença entre empréstimo e financiamento?

MARINA I., 12 ANOS

“A principal diferença é que, ao solicitar um empréstimo, o cliente receberá o dinheiro

na conta, sem precisar informar como usará a quantia. No financiamento, o banco aprova o crédito sabendo exatamente se o valor é para comprar um veículo ou uma casa. A taxa de juro também é distinta em cada modalidade e depende da análise de crédito do cliente, do período de pagamento e da garantia que o banco terá de que o valor será quitado.”

CLARA SODRÉ, ANALISTA DE ALOCAÇÃO E FUNDOS DA XP

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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